Mais um crime ambiental: Rompimento de barragem da empresa Vale em Brumadinho
Nós (o Brasil) não aprendemos com a primeira lição. Uma lição que nem deveríamos ter passado.
Mas, mesmo assim, mesmo após o desastre da barragem de Mariana, agora nós temos que viver uma nova tragédia, que – inclusive – teve a mesma empresa responsável: A Vale.
Dessa vez, o crime ambiental aconteceu em Brumadinho, região Metropolitana de Belo Horizonte, quando sua barragem de rejeitos se rompeu, levando mais de 1 milhão de metros cúbicos de lama para todas as cidades ao redor.
De acordo com a empresa e o Ibama, a barragem possuía capacidade para 12,7 milhões m³, então provavelmente o número informado de lama é bem maior do que estão falando.
A barragem de Brumadinho
Para efeito de comparação, a barragem da Samarco, operada pela Vale com a australiana BHP, tinha 50 milhões de metros cúbicos de rejeitos. No desastre de 2015, 19 pessoas morreram e o distrito de Bento Rodrigues terminou soterrado.
Construída em 1976, a barragem de Brumadinho fica a cerca de 60 km de Belo Horizonte e está situada em um afluente do rio Paraopeba, na Bacia do Rio São Francisco.
A barragem teria “apenas” 25% do volume de Mariana, porém, o efeito devastador seria ainda maior do que a barragem da Samarco, pelo fato de o rompimento de Brumadinho acontecer em uma área com maior concentração de pessoas.
De acordo com o Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, o número de desparecidos e possíveis vítimas é estimado entre 300 e 400 pessoas. Segundo a corporação, o número foi calculado considerando a informação de que 100 funcionários da Vale estariam em uma região próxima ao local, além de considerar a capacidade de restaurantes e estabelecimentos comerciais da área.
“Água está ficando marrom”
O radialista Vanderlei Rodrigues, da Rádio Regional FM de Brumadinho, relatou que os rejeitos já começaram a chegar ao centro da cidade, pelo leito do rio Paraopebas, que corta o município.
“A água já está ficando marrom, começou a chegar aqui, como nos últimos dias choveu muito pouco, e o leito do rio é largo aqui na cidade, estamos com a esperança que ele seja o suficiente para vazar a lama que vem lá de cima sem transbordar.”
Rodrigues disse que aparentemente a área mais atingida pelo rompimento foi a da própria Vale, próxima à barragem. De acordo com o radialista, abaixo da barragem principal havia algumas propriedades rurais, como sítios e fazendas, e alguns restaurantes e pousadas. Ele contou que parte do centro da cidade foi esvaziada e “está deserta”.
“Não tocou sirene nenhuma”
Segundo uma moradora de Brumadinho, técnicos da Vale já haviam feito treinamentos com a população para eventuais casos como o ocorrido e que em caso de rompimento, uma sirene iria tocar.
Porém isso não aconteceu.
“Não tocou sirene nenhuma, ninguém veio dar alerta nenhum. Eu vi o que estava acontecendo e saí correndo gritando para avisar o pessoal”, diz Maria Aparecida.
Cinco familiares dela estão desaparecidos depois do rompimento.
Outro morador de Brumadinho também deu detalhes sobre o funcionamento da barragem:
“O alojamento/refeitório ficava logo abaixo da barreira, ou seja, logisticamente irresponsável. Não havia nenhum sistema de alerta, com sirenes ou algo tipo.”
“Quando os funcionários descobriram o rompimento da barragem, já era tarde demais, pessoas tentaram fugir correndo, mas foram pisoteadas no desespero e na desorientação da situação. O mesmo vale para as comunidades próximas da barragem, os moradores não tiveram orientação alguma.”
Outras mineradoras da Vale
O caso de Brumadinho acontece três anos e dois meses após o rompimento de uma barragem da Samarco no distrito de Mariana, também em Minas Gerais.
Para se ter ideia, o Governo do Estado afirmou que Minas Gerais tem mais de 400 barragens de rejeitos e quase 10% delas apresentam riscos. Brumadinho não estava nessa relação.
Trocando em miúdos:
Há pelo menos 50 barragens em condições piores que esta que acabou de romper. Só em Minas.
ISSO NÃO É UM DESASTRE AMBIENTAL
Esse é a segunda vez que vemos um desastre de tamanhas proporções acontecer. Algumas pessoas, tentando amenizar tal fato, dizem que isso seria um “desastre ambiental”, como os próprios diretores da Samarco afirmaram em 2015.
Um tsunami é um desastre ambiental. Um terremoto. Um vulcão em erupção. Nenhuma dessas coisas podem ser controladas.
Rompimento de barragem é CRIME AMBIENTAL. É ganância. É negligência. É certeza de impunidade.
Apenas para deixar claro (mais uma vez), é você que vai pagar por isso:
Relembre também: