A beleza ruiva: fotógrafo escocês Kieran Dodds faz diferentes registros de pessoas

Você é uma pessoa ruiva? Caso sua resposta seja positiva, saiba que você está entre 1 a 2% da população mundial cujos cabelos são tingidos dessa cor. Falar sobre individualidade é sempre algo bastante importante, afinal, é por meio disso que podemos, por exemplo, iniciar um diálogo sobre igualdade. E como forma de reafirmar isso, gostaria de destacar a beleza ruiva nas fotos do escocês Kieran Dodds.

“A série é feita para nos ajudar a ver as pessoas individualmente nesta série, que somos feitos do mesmo material e, no caso do cabelo, isso mostra. Dividir as pessoas em grupos menores com base nas características parece contraproducente se continuarmos a vê-los mais como uma raridade do que como uma parte única de uma família humana global”

Para tanto, o profissional dedicou sete anos da sua carreira para viajar pelo mundo e registrar pessoas ruivas com toda a sua autenticidade tão característica. Segundo Kieran, o projeto pretende “conectar-nos através das fronteiras políticas e culturais, usando um raro fio de ouro”. O fotógrafo de 39 anos falou da importância de seu trabalho.

“Olhe, olhe fixamente e maravilhe-se, esse é o ponto. Encontre conexões em todo o mundo. Quero que as pessoas comparem os retratos e se deliciem com a nossa variedade, mesmo sem um grupo aparentemente homogêneo. Somos feitos do mesmo material, mas estamos unidos de maneira única”

Se restringir em lugares como a Escócia e o Reino Unido e a cidade russa de Perm, além da Jamaica, cuja herança genética é complexa, Kieran mostra que, apesar de parecer óbvios os destinos de seus registros, há aspectos bastante interessantes para serem avaliados num projeto como esse. Uma das pessoas fotografadas, Sveta Ni se destacou ao dizer que a linhagem familiar de seu pai era originária da China.

“Em 2014, a Escócia votou pela independência e eu estava considerando os clichês da identidade. Eu sabia que era um deles, por ser pálido e ruivo, mas logo no início do processo de pesquisa, descobri que é uma característica global. Até a Escócia , como a capital global, tem no máximo 13% das pessoas exibindo a cor do cabelo. Havia dois pontos quentes, afirmou, um na Escócia e na Irlanda que foi confirmado pela ciência – o Celtic Fringe. O outro ponto quente foi na Rússia que foi confirmado por uma anedota. Nossos genes viajaram muito através da história, mesmo que pessoalmente não o tenhamos. Um rapaz tinha um bisavô indiano e outro tinha uma mãe na Europa Oriental e um pai no Oriente Médio. Ele é escocês, mas sua história expande nossas expectativas de aquele termo político restrito. Eu viajei para a cidade de Perm (um nome adequado!) E conheci pessoas que personificavam a localização geográfica com nomes e ancestrais europeus, mas também da Ásia”

“Gingers” foi o resultado das aventuras de Kieran pelo mundo. Seus registros fotográficos renderam livro de fotografia dedicado às filhas gêmeas.

“Quero algo para que cresçam e vejam que fazem parte de algo maior, não apenas um grupo de identidade, mas um grupo dentro de uma família maior de humanidade.”

Ele ainda fala sobre as conotações negativas que podem ser atribuídas ao termo “gengibre” e fala o porquê utiliza a palavra para descrever este povo, mostrando ser esta bastante precisa e acertada, resultando na escolha do título de sua obra.

“Gengibre é o que outros chamam de cabelo ruivo, um espectro que incorpora laranja, amarelo e marrom, um ouro iridescente. Os russos chamam de ‘rege’ ou enferrujado, o que é melhor. Não é vermelho, é? Sangue é vermelho, carros de bombeiros são vermelho, os sinais de parada são vermelhos. “

Confira abaixo as fotos do escocês Kieran Dodds que, ao viajar por diferentes países do mundo, destaca a beleza ruiva em um incrível projeto fotográfico que fala sobre igualdade identitária.