Adolescência - Análise da Minissérie da Netflix

Adolescência é a nova minissérie britânica da Netflix, que causou muita repercussão no último mês, pelos temas tratados e por ser toda em plano-sequência.

A série está disponível na Netflix.

É bom?

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O que chama atenção na nova minissérie da Netflix é justamente como ela já inicia de fato na ação, em tempo real, filmando tudo em plano-sequência para criar esse sentimento de uma realidade sendo exibida diante de nós.

Aos poucos, percebemos que o plano-sequência não vai ser só efetivo para essa relação espaço-temporal do primeiro episódio, sobretudo dos primeiros minutos, e, sim, se tornará em uma marca estilística da série. É sua grande qualidade, mas também o resultado de suas maiores fragilidades.

A pergunta não é se precisava filmar sem cortes (ou os escondendo) e sim se isso é realmente mais efetivo dentro de toda a proposta. E, no geral, essa escolha é bastante efetiva, mas não sempre. Também pouco se sustenta como uma noção realista, já que rapidamente fica perceptível o truque para manter essa ilusão do tempo real, principalmente, quando passa de um personagem para outro indo em direção oposta.

Adolescência Análise da Minissérie da Netflix 2

Ainda assim, com exceção de alguns momentos em que o plano-sequência parece quase um fardo que seria resolvido de forma mais prática em um plano e contraplano, os três primeiros episódios conseguem manter bem essa ausência do cortar para comunicar sobre a urgência do tema e os desconhecimento que temos da profundidade dele na vida dos mais jovens.

Até mesmo o terceiro episódio, que é basicamente diálogo dentro de uma sala entre o ótimo protagonista e a psicóloga, extrai uma força da câmera em constante movimento excluindo um dos dois do quadro.

Eis que chega o quarto e último episódio, que deveria ser o mais potente dramaticamente e revela o deslocamento para com os demais. E o plano-sequência não funciona, vira um peso, um fardo a ser mantido, inefetivo, distanciado e prejudicial para o resultado final dessa boa série.