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#BlackLivesMatter

Mais de mil pessoas são mortas pela polícia nos EUA todos os anos, a maioria delas jovens e negras.

“Eu não consigo respirar”. Essas foram as últimas palavras de um cidadão americano, George Floyd, gravadas em vídeo, enquanto ele era sufocado por um policial até ficar inconsciente e, em seguida, falecer.

Após George Floyd, homem negro de 46 anos, ter sido assassinado por um policial branco em uma operação na última segunda-feira (25), em Minneapolis (Minnesota), os Estados Unidos têm enfrentado uma onda de protestos e despertado a atenção do mundo sobre a importância das vidas das pessoas negras, comumente negligenciadas pelas autoridades.

Mas dessa vez, parece que o mundo foi tocado por esse assassinato. Além de diversos protestos que já duram dias nas mais de 140 cidades dos Estados Unidos, pessoas também saíram às ruas no Reino Unido, Alemanha e Canadá.

Já na internet, o mundo tem utilizado o movimento #BlackLivesMatter ou #VidasNegrasImportam no português como ferramenta de combate ao racismo e à violência policial. Artistas e marcas também estão utilizando as redes sociais para se posicionar.

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Manifestantes protestam contra morte de George Floyd em Minneapolis

#BlackLivesMatter

Voltando agora com mais força que nunca, a hashtag #BlackLivesMatter (As Vidas Negras Importam) teve sua origem em um processo judicial de 2013, em que um polícia foi absolvido pelo assassínio de um outro afro-americano.

Naquele ano, George Zimmerman, um vigilante de bairro voluntário na cidade de Sanford, na Florida, foi absolvido da morte a tiro de um jovem afro-americano de 17 anos, Trayvon Martin, no ano anterior, quando este saía de uma loja de conveniência.

Logo após o ocorrido, em 17 de julho, Eric Garner, morreu após 20 segundos de estrangulamento, quando estava a ser detido pela polícia de Staten Island, Estado de Nova Iorque.

Alguns dias depois, a 9 de agosto, em Ferguson, Missouri, Michael Brown, um jovem negro de 18 anos, morreu, alvejado pelo oficial de polícia Darren Wilson.

Brown não estava armado, não tinha antecedentes criminais e a sua morte provocou uma forte onda de protestos, quando as pessoas ainda se recordavam do caso de Garner e decidiram manifestar o seu repúdio pela atitude da polícia, perante a minoria negra.

Percebe como o padrão da violência contra pessoas negras nunca deixou de existir?

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#BlackLivesMatter

Justamente por isso, a expressão se fez tão necessária e tornou-se um movimento organizado, contra o racismo e a violência policial sobre as minorias negras, servindo como uma declaração de princípios éticos contra o racismo e a xenofobia.

Em janeiro de 2015, a Sociedade Americana de Dialeto declarou #BlackLivesMatter a “palavra” do ano, mas por essa altura ela já era um símbolo e o nome de um movimento cívico e político, com departamentos espalhados por todo o país.

Também em 2015, quando o então Presidente Barack Obama recebeu um relatório de uma task force nomeada por si para estudar o comportamento das autoridades policiais, com recomendações para evitar descriminações racistas.

Mas parece que não resolveu tanto assim….

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#BlackLivesMatter

No Brasil porém, a situação é ainda mais revoltante, sendo considerado um dos países que mais mata pessoas negras, Bolsonaro foi eleito prometendo uma “licença para matar” aos policiais do país — que já matavam mais do que em qualquer outro lugar.

No mês passado, João Pedro Matos Pinto, um garoto de 14 anos, foi morto a tiros pela polícia enquanto brincava dentro de sua própria casa no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo.

Após ter sido baleado, o garoto foi levado do local por agentes policiais e a família dele ficou horas sem ter notícias do garoto. Só no outro dia encontraram o corpo de João Pedro no Instituto Médico Legal (IML).

Viola Davis

Conhecida pelo seu engajamento político-social, a atriz americana Viola Davis utilizou as redes sociais para compartilhar uma petição em que pedia justiça pelo assassinato do menino João Pedro.

Em abril de 2020, a polícia matou 1 pessoa a cada 4 horas no Rio de Janeiro, 4 dos mortos eram crianças. Em São Paulo, 1 pessoa foi morta a cada 8 horas por policiais nos três primeiros meses do ano.

Tanto os EUA quanto o Brasil registram os mais altos índices de violência policial do mundo. No Brasil, um país que já teve mais de 5.800 mortes por policiais em 2019, as chamadas mortes por intervenção policial aumentaram no Rio de Janeiro e em São Paulo no começo de 2020.

Nossa humanidade comum exige uma resposta. E se isso falhar, os manifestantes garantirão que nos lembremos.

O fracasso dos líderes nos EUA e no Brasil em reconhecer isso, ou pior, ao incitar o uso da força contra cidadãos, é uma falha da mais alta ordem.

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O que pode ser feito?

O site blacklivesmatters.carrd.co é uma plataforma online, onde estão reunidas petições, protestos, fundos para doações e recursos relacionados com a onda de manifestações Black Lives Matter.

Criado pelo desenvolvedor @dehyedration no twitter, ele conta que resolveu tomar essa iniciativa para que as pessoas pudessem fazer mais do que postar apenas uma hashtag em favor ao fim da violência contra os negros e que também facilitasse a vida das pessoas para que não precisassem perder tempo buscando pela informação.

Com tradução para diferentes línguas com a ajuda de outros utilizadores (também há uma versão portuguesa), o site reúne um conjunto de informação útil como um mapa dos protestos que estão marcados ou a decorrer nos vários cantos do mundo, ligações para diferentes petições que foram sendo organizadas e um conjunto de recursos; por exemplo, estão disponíveis páginas educativas sobre a história negra da América ou o que significa anti-racismo, uma bibliografia comunitária no Google Drive e um link para o site blacklivesmatter.com.

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Fonte: Folha, TSF e NE10

 

Vidas Negras Importam

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Não deixem seus nomes serem esquecidos: João Pedro, Agatha Felix, Ketellen Gomes, João Vitor, Anna Carolina, Kauan Peixoto, Maria Eduarda, Amarildo, Marielle, Tamir Rice, Oscar Grant, George Floyd…

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