“A Mão de Deus “ acompanha o jovem Fabietto durante sua juventude na Itália com seus pais e seu irmão. Reviravoltas em sua vida o fazem passar por experiências que nunca imaginava.
O filme está disponível na Netflix.
Um filme sobre a vida
Paolo Sorrentino subverte a narrativa tradicional para filmes sobre amadurecimento, enquanto conta sobre sua infância com paixão e sem pudor.
“A Mão de Deus” é um filme memória, em que seu diretor relembra aquilo que acredita ter sido responsável por sua formação como pessoa e profissional. Com isso, os personagens e elementos secundários do roteiro ganham um novo significado, transformam-se em aspectos que moldam esse protagonista.
Dessa forma, Sorrentino vai da comédia à tragédia, do sonho à desilusão, com um personagem muitas vezes passivo e dominado pela situação. Ao mesmo tempo, tal proposta narrativa faz com que personagens entrem e saiam sem avisar da trama. Elementos trágicos de transformação cheguem do nada e revertam toda a dinâmica e por aí vai.
Tudo isso, poderia até ser tratado como conveniências do roteiro em um outro filme, mas aqui funciona bem como essa falta de rumo e previsão da narrativa. Nunca sabemos para qual lugar Sorrentino quer nos levar e muito menos como ele vai nos conduzir. Como na vida, somos jogados ao acaso, influenciados por eventos e pessoas que aparecem na nossa vida sem avisar.
Então, não só os pais e o irmão, mas a vizinha de cima que apresenta o sexo como amadurecimento, sua tia que funciona como musa inspiradora, o cinema como um futuro que surge silencioso, Maradona como o sublime, seu amigo marginal para mostrar uma faceta da vida que ele só experimenta por pouco tempo, a cidade como o lar confortável que deve ser abandonado e por aí vai. Tudo que surge no longa, seja cômico ou trágico, é um pequeno grão de areia na formação do personagem.
E assim percebemos também como Sorrentino molda cada evento a sua visão cinematográfica, como se o diretor nos trouxesse a sensação de cada memória, do almoço de família com piadas hoje desconfortáveis e até preconceituosas, a dor da perda, o medo de sair pelo mundo sem avisar, a insegurança do futuro sem alguém para guiá-lo. O diretor não acerta sempre no tom ou nas escolhas narrativas, mas nunca deixa de demonstrar sua paixão por reviver cada um desses momentos.
Nota:
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Ficha Técnica:
Título original: È stata la mano di Dio
Data de lançamento: 15 de dezembro de 2021
Direção: Paolo Sorrentino
Elenco: Filippo Scotti, Toni Servillo, Luisa Ranieri
Gêneros: Comédia, Drama
Nacionalidade: Itália