“Alerta Vermelho” acompanha um agente do FBI e um ladrão de obras de artes se unindo contra “O Bispo”, outro ladrão que passou a perna neles.
O filme está disponível na Netflix.
O preço do genérico
É difícil começar a falar de “Alerta Vermelho” sem destacar primeiro o custo do filme: impressionantes U$200 milhões. Porém, o grande blockbuster da Netflix para o segundo semestre de 2021 só destaca mais uma vez que alto investimento em nada tem a ver com um grande filme ou com um filme grande (porque há uma diferença imensa entre ambos).
Talvez o grande acerto do diretor Rawnson Marshall esteja justamente na forma como explora a persona de seus atores. The Rock, Gal Gadot e Ryan Reynolds não se tornaram três das estrelas mais caras e cobiçadas de Hollywood por terem grande potencial de atuação, mas sim por estabelecerem uma persona por meio do carisma e por características que se repetem ao longo de seus filmes.
E Marshall sabe explorar muito bem esses elementos, da cara fechada de The Rock que esconde um sorriso por trás, às piadas rápidas idiotas e com cara de bobo de Reynolds e o sorriso de quem controla a situação de Gadot. Não à toa o cineasta em muitos momentos ignora o orçamento do longa e sua grandiosidade para captar esses momentos com uma sucessão de planos mais fechados.
É justamente nessas interações, sejam nos diálogos ou nas cenas de luta corpo a corpo e perseguição que o cineasta encontra os melhores momentos de “Alerta Vermelho”. Destaque para a primeira perseguição entre The Rock e Reynolds, em que os diálogos são poucos e as piadas surgem das ações dos personagens.
Porém, se o carisma do trio segura o filme por um lado, o roteiro descamba tudo por outro. É bem verdade que Marshall tem pouca personalidade para fazer algo além de decupar o roteiro em planos genéricos, sobretudo nas cenas de ação do segundo ato para frente ou nos planos de estabelecimento que começam em uma aérea para mostrar a nova cidade em que a ação vai acontecer.
Mas, pouco dá para culpá-lo pelos eventos da trama e o caráter completamente episódico em que ela se desenvolve. Muito menos é culpa dele as conveniências que levam a história para frente, ainda que ele contorne bem os exageros propostos pelo roteiro, como a fuga da prisão na Rússia ou a imbecilidade de todos os senhores do crime e integrantes da Interpol. Ele nos faz comprar isso com o caráter propositalmente ilógico do longa.
Entretanto, nada é mais problemático quanto a tentativa do filme de ser épico, como o orçamento propunha. Na busca por construir efeitos mais realistas nas cenas de ação, somos obrigados a presenciar um CGI que mais parece defeitos especiais, como na infame sequência da tourada. E não é só nos efeitos visuais que o filme parece mais barato do que foi, um bom exemplo está na cena da floresta que é claramente um cenário.
A única coisa que compete com a pequenez de um filme que tenta ser grande é a reviravolta final, talvez a pior que eu tenha visto no ano e que busca apenas o choque do inesperado, ainda que este não tenha deixado pistas e nem sequer faça sentido. No mais, Marshall segue a cartilha básica do blockbuster contemporâneo sem propor nada além de um diversão banal e meio esquecível.
Nota:
Assista a minha crítica em vídeo:
Assista ao trailer:
Ficha Técnica:
Título original: Red Notice
Data de lançamento: 12 de novembro de 2021
Direção: Rawson Marshall
Elenco: Dwayne Johson, Ryan Reynolds, Gal Gadot
Gêneros: Ação, comédia
Nacionalidade: EUA