Chegou aos cinemas no último dia 06 o filme da Capitã Marvel (Captain Marvel-2019). A personagem ganhou vida nos quadrinhos em 1968 no auge do movimento feminista pelas mãos do roteirista Roy Thomas e em parceria com o desenhista Gene Colan. De lá pra cá a personagem da Capitã Marvel – interpretada nas telas por Brie Larson, vencedora do Oscar de melhor atriz pelo filme O Quarto de Jack (2016) – sofreu uma série de mudanças nos quadrinhos até que em 2012 começou a ter grande relevância no universo Marvel das HQs graças à roteirista Kelly Sue DeConnick que alçou a figura de Carol Danvers (alter ego da Capitã) ao patamar de uma das heroínas mais poderosas (senão a mais) do Universo Marvel e a transformou em uma grande voz de representatividade feminina nos quadrinhos.
O filme conta uma história de origem bem redondinha e não sai muito da fórmula Marvel nos cinemas, formula essa tão criticada ultimamente por muitos fãs. Porém, é preciso entender que os filmes da Marvel não são direcionados para um único nicho, os fãs mais geeks. Nesse caso o espectador não precisa ser um grande fã de quadrinhos e nem ter assistido todos os filmes anteriores da Marvel para compreender a história. O roteiro do filme mudou o cânone de alguns personagens,como foi o caso da raça dos Skrulls,e para os fãs mais xiitas esse tipo de mudança é praticamente um sacrilégio. Concordo que para um filme em que o roteiro vem sendo trabalhado desde 2013, era esperado um filme tão arrebatador quanto o primeiro filme dos Vingadores (2012) ou tão surpreendente quanto o filme do Pantera Negra (2018) – filme este que teve uma grande identificação com o movimento negro – dado todo o hype publicitário do filme antes do lançamento. Nesse ponto o filme peca pela falta de coragem em ousar mais e satisfazer os fãs mais exigentes.
Assim como nos filmes do gênero Buddy Cop a parceria entre a Capitã Marvel e uma versão mais jovem de Nick Fury ( Samuel El Jackson ) funciona bem. Destaque para o gato Goose que ao contrário dos quadrinhos em que o gato tem o nome de Chewie em homenagem à personagem Chewbacca, alienígena da raça Wookiee, parceiro de Han Solo em Star Wars, nos cinemas o gato recebeu o nome de Goose em homenagem ao parceiro de Ton Cruise no filme Top Gun de 1986. O filme se passa na década de 90 e tem boas referências do período, seja fazendo piadas sobre o princípio da internet ou a velocidade dos computadores disponíveis na época. A trilha sonora acerta em cheio ao colocar a maioria das musicas cantadas na voz de mulheres como as bandas Elastica, No Doubt, Garbage e Hole dentre outras.
Homenagem a Stan Lee
Por ser a primeira produção do Marvel Studios após a morte do ícone e idealizador Stan Lee, o filme presta uma linda homenagem ao mestre logo na abertura. O clássico cameo de Stan Lee também está presente no filme. Em determinado momento a Capitã encontra Stan praticando justamente suas falas do texto do filme Mallrats ( Barrados no Shopping ) de 1995 dirigido por Kevin Smith, filme esse que contou com uma ponta de Stan.
O filme arrecadou em 6 dias de exibição 455 milhões de dólares na bilheteria mundial. Para alcançar a marca de um bilhão não deverá ser um grande problema. O filme já é a sexta maior estreia na história do cinema e se consolida como a segunda maior estreia de filmes do gênero, ficando atrás apenas de Vingadores: Guerra Infinita.
Isso mostra que apesar de todas as críticas negativas e tentativas de boicotes sofridos pelo filme, Capitã Marvel conversa com um público ávido por ver e se identificar com uma heroína como ela nos cinemas: o público feminino em geral, sejam as geeks ou não. Acho que o filme da Capitã Marvel veio para cumprir essa função, apresentando nos cinemas uma mulher forte (independente de seus poderes), corajosa e determinada a sempre se reerguer e nunca desistir. Mesmo que isso seja mostrado de forma tão literal por tantas vezes na tela.
Roteiro
O roteiro não tem a menor preocupação em mostrar nas telas de cinema uma personagem sexy, como é de costume, mesmo que de forma discreta, em filmes de ação com protagonistas mulheres, e isso é um ponto mais que positivo para o filme. A capitã Marvel é uma super heroína e ponto. Pronta pra chutar alguns traseiros Krees e sem preocupação de provar nada para ninguém. Yon-Rogg, personagem interpretado por Jude Law, que o diga.
Fui alfabetizado lendo quadrinhos e tendo como referencia heróis como Homem Aranha, os X-Men, Hulk, Homem de Ferro dentre tantos outros. Hoje pai de uma menina de um ano e cinco meses, espero que ela possa crescer tendo também como referencia super heroínas como a Capitã Marvel. Ainda veremos a Capitã Marvel ajudando os Vingadores a derrotar o vilão Thanos nos cinemas em Vingadores: Ultimato que estreia em Abril. Também com o sucesso de bilheteria de seu filme solo, podemos,com certeza, esperar por uma continuação de Capitã Marvel para o mais breve possível. Após assistir ao filme sai da sessão com a esperança de que a representatividade feminina, à partir da Capitã Marvel, possa alçar voos cada vez “Mais alto,mais longe, mais rápido!”
Assista aos trailers:
- Título original: Captain Marvel
- Nacionalidade: EUA
- Gêneros: Ação, Fantasia
- Ano de produção: 2019
- Estréia: 07 de março de 2019 (Brasil)
- Duração: 2h 4min
- Classificação: 12 anos
- Direção: Anna Boden, Ryan Fleck
- Roteiro: Anna Boden, Gene Colan, Liz Flahive, Ryan Fleck, Meg LeFauve, Carly Mensch, Nicole Perlman, Geneva Robertson-Dworet, Roy Thomas
- Produção: Stan Lee, Kevin Feige, Victoria Alonso, Louis D’Esposito, Mary Livanos, Jonathan Schwartz, Lars P. Winther
- Trilha sonora: Pinar Toprak
- Direção de fotografia: Ben Davis
- Edição: Debbie Berman, Elliot Graham
- Design de produção: Andy Nicholson
- Direção de arte: Elena Albanese, Andrew Max Cahn, Jason T. Clark, Kasra Farahani, Lauren E. Polizzi, Carol Uraneck
- Decoração de set: Lauri Gaffin
- Figurino: Sanja Milkovic Hays
- Estúdio: Marvel Studios
- Distribuição: Walt Disney
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