“Eduardo e Mônica” dramatiza a música de Renato Russo sobre o casal mais improvável que você vai conhecer.

O filme está disponível nos cinemas.

Sem surpresas, sem problemas

“Eduardo e Mônica” acerta em praticamente tudo o que “Faroetes Caboclo” errou e sabe dosar bem as referências à musica com escolhas próprias, sustentando-se sobretudo na química do casal principal.

Após “Turma da Mônica: Lições”, “Eduardo e Mônica” é mais uma obra em um curto período de tempo a levar o público brasileiro para ver cinema nacional. E o grande acerto do filme está em entender que a canção de Renato Russo atravessou gerações, mas não é necessário ficar totalmente preso aos eventos da canção.

Isso porque um filme nunca é só uma história, como muitos acreditam e reforçam. Muito mais importante do que os eventos é como esses acontecimentos são dramatizados em tela por meio da imagem e do som para criar sensações. É aqui que escolhas de decupagem, fotografia, montagem, entre outros, faz-se presente.

Dessa forma, “Eduardo e Mônica” vai sim falar sobre esse casal que em nada se parece se encontrando em uma festa “estranha com gente esquisita”. Mas em nenhum momento o roteiro vai se sentir amarrado em um protocolo de eventos a serem mostrados, ainda que tenha sim Eduardo jogando futebol de botão com o avó e fazendo cursinho, enquanto Mônica fala alemão, gosta do Godard e está terminando medicina, o longa sabe costurar esses eventos marcantes com um desenrolar natural daquele relacionamento.

Critica Eduardo e Monica 2

Então, ao se dar essa liberdade de não precisar mostrar tudo, deixando muita coisa no campo da sugestão ou apenas como uma referência para os fãs da música, René Sampaio pode direcionar o seu interesse para reforçar cada um dos momentos entre esse casal. Mais do que isso, o foco está em tornar natural uma relação que inicialmente parece impossível.

E, se isso funciona, os dois maiores responsáveis são Alice Braga e Gabriel Leone, a primeira criando um espírito de liberdade e firmeza nos seus posicionamentos, enquanto o segundo recorre a uma inocência que começa a amadurecer a partir da relação entre eles.

Sampaio lida bem com os eventos novos propostos pelos quatro roteiristas do longa, sobretudo a adição de uma relação política da época que em muito reflete o Brasil atual. Podendo cair para a caricatura, o diretor segura bem a tensão da cena central até a grande explosão, ao mesmo tempo que resolve bem o desdobramento disso para o casal.

No fim, “Eduardo e Mônica” se mostra uma homenagem para lá de digna, mas ganha força quando entende que não depende da música para funcionar, criando um dos melhores romances que o cinema brasileiro viu nos últimos anos.

Nota: 148839148839148839148839

Assista ao trailer:

Ficha Técnica:

Título original: Eduardo e Mônica
Data de lançamento: 20 de janeiro de 2022
Direção: René Sampaio
Elenco: Alice Braga, Gabriel Leone
Gêneros: Romance
Nacionalidade: Brasil