“El Camino” começa logo após o episódio final de Breaking Bad e traz um Jesse Pinkman tentado fugir de seu passado em uma busca por recomeço. Mas para isso, ele terá que passar por alguns desafios.
Uma difícil missão
“El Camino” consegue cumprir de forma honesta uma missão extremamente complicada. “Breaking Bad” é a melhor série de todos os tempos, e ela não leva esse título apenas por todo o perfeito desenvolvimento de personagens ou pela combinação fantástica entre estilo, narrativa e técnica, mas sim por conseguir algo raríssimo em séries que ultrapassam às quatro ou cinco temporadas: ter um final que justifique o restante da série.
E graças à finalização brilhante, boa parte dos fãs ficaram com receio (inclusive esse que vos escreve) quando surgiu a notícia sobre um filme que daria sequência àquela história. Porém, apesar da missão espinhosa, Vince Gilligan demonstrou mais uma vez o controle que tem sobre o universo que criou. Não, “El Camino” não é um longa extremamente necessário e nem brilhante. Mas ele pelo menos se justifica e consegue trazer um ar de nostalgia e apreciação aos fãs da série. Vale ressaltar que esse longa só funciona para quem assistiu à obra original.
O que Gilligan faz aqui é dar um desfecho mais concreto para Jesse Pinkman (Aaron Paul), que já apresentava um final sensacional, porém relativamente aberto. E, nesse sentido, “El Camino” encontra o seu diferencial ao dar o protagonismo a um personagem tão querido, mas que sempre esteve à sombra da genialidade de Walter White (Bryan Cranston). A atuação fantástica de Paul mostra que não só o ator é capaz de segurar um filme sozinho, como o personagem é interessante o suficiente para ter um longa só dele. E o roteiro funciona justamente por focar na tentativa de recomeço de Pinkman, feita de forma intimista e sincera.
Mais um episódio
Entretanto, o maior acerto do longa é conseguir nos transportar mais uma vez para aquele universo. Não se trata de um longa tradicional, a narrativa não é a comum do cinema, divida em três atos. O que “El Camino” faz é transformar o filme em um grande episódio de duas horas de “Breaking Bad”. Narrativa, direção, fotografia, figurino, atuações, clima e ritmo são todos condizentes ao que a gente se acostumou a ver na série. Ou seja, o longa tem uma estrutura de finalização de algo já praticamente concretizado.
Normalmente esse formato não funcionaria em um longa, mas ele é necessário aqui para não causar estranhamento. A série tem um desenvolvimento lento, constrói seus personagens e acontecimentos aos poucos. Portanto, trazer uma narrativa tradicional do cinema implicaria em modificar totalmente o ritmo que série estabeleceu. Por isso, ele funciona muito melhor concebido como um episódio extra específico para um fechamento de arco.
É uma pena que em alguns momentos Gilligan queira preencher o espaço de tela com flashbacks nem sempre necessários, que muitas vezes quebram a boa tensão que ele consegue criar em diversas cenas. Há um em específico que parece ser um mero fan service, sem qualquer propósito narrativo.
E, por último, não teria como deixar de destacar uma bela cena que referencia o gênero de faroeste. Os belos planos, inclusive os super closes, dignos de Sergio Leone, são deliciosos para os espectadores fãs deste gênero.
Nota: 8.0
Crítica em vídeo:
Assista abaixo à crítica em vídeo que eu fiz sobre o longa em meu canal, o 16mm.
Assista ao trailer:
Ficha Técnica:
Título original: El Camino: A Breaking Bad Film (El Camino: A Breaking Bad Film)
Data de lançamento: 11 de outubro de 2019 (2h 02min)
Direção: Vince Gilligan
Elenco: Aaron Paul, Jesse Plemons, Bryan Cranston mais
Gêneros: Drama, suspense
Nacionalidade: EUA