“Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio” conta um novo caso investigado pelo casal Warren. Um garoto comete um assassinato, mas não lembra do que fez e se diz possuído.
O filme está disponível no catálogo do HBO Max e nos cinemas.
O maior da franquia?
“Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio” chega com muito mais desconfiança do que seus predecessores, já que todos os piores filmes do universo foram os spin-off não dirigidos por James Wan, a grande mente por trás da franquia. Além disso, o responsável por essa obra foi justamente o inexperiente Michael Chaves, que estreou na função no péssimo “A Maldição da Chorona”.
Porém, o receio por uma obra genérica definitivamente não se confirma aqui. Muito pelo contrário, “Invocação do Mal 3” não só não tem medo de ficar nas sombras dos seus precursores como pretende ser maior do que eles, dizendo isso explicitamente em texto tanto na abertura quanto em diálogos. Isso só é reforçado pelas escolhas estéticas e narrativas de Chaves, desde a busca por uma fotografia mais sofisticada, por meio de uma iluminação artificial e estilizada, passando por um abandono quase completo do terror em um caso que se vende como maior do que os anteriores, mas na prática é bastante simples.
Então, o terceiro filme vive a pretensão característica das sequências, a obsessão por expandir, por ser maior. Mas, na prática, tudo não passa de uma certa obsessão estilística vazia de Chaves, ainda que em muitos momentos suas escolhas se mostrem eficientes, como a omissão da cena que mostraria a advogada vendo a sala secreta dos Warren (pois já sabemos pelos outros filmes da capacidade daqueles objetos) e, principalmente, sequências no terceiro ato que alternam por meio da montagem o simples exorcismo (um padre, a amada e o possuído) e a tentativa do casal de desfazer a maldição, em que a direção de Chaves descontrói a lógica física real da cena para se entregar a um bem-vindo “mundo paralelo”.
Além disso, Chaves não esconde sua admiração por clássicos do gênero e presta algumas homenagens, sobretudo a “O Exorcista” e “Psicose”. Referências essas que por serem super óbvias e altamente estilizadas servem mais como distração do que necessariamente para fortalecer o terror, algo que fica muito claro no exorcismo inicial.
Dessa forma, o maior acerto de “Invocação do Mal 3” é mesmo a escolha de focar a história na figura de seus dois protagonistas, o que tira a necessidade de maiores explicações sobre os fatos, já que a mitologia do universo é bem resolvida e desenvolvida ao longo dos outros filmes. Por outro lado, tal escolha, que aproxima o espectador pelo carisma de Vera Farmiga e Patrick Wilson e o amor do casal, torna o filme mais investigativo, deixando o terror apenas para alguns poucos momentos pontuais no clímax.
Assim, “Invocação do Mal 3” se mostra como uma tentativa bastante original dentro das amarras de uma grande franquia, ainda que os exageros, o abandono quase completo do terror tradicional (em parte busca até uma certa proximidade com o terror dramático independente, que alguns chamam de “pós-terror”, termo com o qual não concordo) e principalmente a obsessão por ser maior do que os anteriores enfraqueçam e tornem a obra bastante irregular.
Nota: 6.0
Assista a minha crítica em vídeo:
Assista ao trailer:
Ficha Técnica:
Título original: The Conjuring: The Devil Made Me Do It
Data de lançamento: 04 de junho de 2021
Direção: Michael Chaves
Elenco: Vera Farmiga, Patrick Wilson, Ruairi O’Connor
Gêneros: Terror
Nacionalidade: EUA