Spencer volta ao mundo fantástico de Jumanji. Os amigos Martha, Fridge e Bethany entram no jogo e tentam trazê-lo para casa. Mas eles logo descobrem mais obstáculos a serem superados.
O Mais do mesmo que deu certo
Eu falo constantemente sobre a falta de criatividade e o problema dos estúdios tratarem filmes como produtos comerciais descartáveis. Isso cresceu ainda mais com a compra da Fox pela Disney e com a corrida contra o tempo dessas distribuidoras em busca de franquias lucrativas. Com isso, vemos todos os anos uma avalanche de remakes sem nada de novo para agregar e continuações que repetem o filme anterior, mas aumenta a escala.
Porém, como tudo no cinema, não podemos criar fórmulas prontas ou julgar um filme antes mesmo de assisti-lo. Então, se “Jumanji: Próxima Fase” tinha todos os pré-requisitos para ser mais um longa genérico e incomodo, na prática ele consegue repetir o sucesso do anterior sem apelar para o recurso da megalomania.
Sim, sem dúvida é um filme que repete muitas coisa de seu predecessor. A fórmula é a mesma, o universo tem poucas alterações e o tom segue o do primeiro. Entretanto, o longa consegue criar novas dinâmicas para renovar o seu leque de piadas e de possibilidades para as cenas de ação e aventura. E, dessa forma, o que vemos é mais uma jornada divertida ao lado de personagens cativantes.
A beleza de não se levar a sério
Outro acerto de “Jumanji: Próxima Fase” é o fato de não se levar a sério em momento nenhum, algo que o primeiro também fez muito bem. Só assim funcionaria essa estrutura narrativa de alternar momentos de ação e perigo com cenas do grupo recheadas de um tiroteio de piadas.
Então, até quando o filme parece que vai cair para um lado mais dramático, ele rapidamente percebe que está ficando piegas e volta aos trilhos do humor. Isso pode parecer muito simples de se fazer, mas a grande maioria dos blockbusters não se arriscam a se aceitar como tolo por completo (e uso “tolo” aqui como algo positivo). Por isso, é muito comum vermos filmes de ação e comédia tentarem construir grandes momentos dramáticos que acabam se tornando apenas brega e ridículo.
Além disso, esse longa tem uma autoconsciência de todo o universo absurdo que está propondo, o que permite explorar diversas possibilidades da narrativa e dos personagens de vídeo game para justificar acontecimentos do longa. Nem as boas e velhas facilitações narrativas são um problema aqui, já que o filme sabe da existência delas e as traz justamente para reverenciar os games.
Dinâmica entre personagens
Entretanto, o que realmente faz “Jumanji: Próxima Fase” funcionar é a nova dinâmica dos personagens. Dwayne Johnson não é mais o fodão que resolve tudo, enquanto Kevin Hart também mais atrapalha do que ajuda. Jack Black pode trabalhar piadas novas e Karen Gillian assume o protagonismo com toda força e carisma que ela tem de sobra.
Com isso, há uma renovação nas piadas e até mesmo no desenrolar da história. Nada muito novo ou revolucionário, mas eficiente o bastante para a narrativa caminhar. O problema é que, como no longa anterior, as piadas começam a se repetir por um bom tempo. E ainda que os realizadores percebam isso e tentem embaralhar os avatares de novo, acaba sendo um pouco mais tarde do que poderia. Dessa forma, há pelo menos uns 30 minutos do filme em que somos obrigados a rir das mesmas piadas que já havíamos previsto antes mesmo delas saírem da boca dos personagens.
Nota: 7.0
Crítica em vídeo:
Assista abaixo à crítica em vídeo que eu fiz sobre o longa em meu canal, o 16mm.
Assista ao trailer:
Ficha Técnica:
Título original: Jumanji: The Next Level (Jumanji: Próxima Fase)
Data de lançamento: 16 de janeiro de 2019 (2h 02min)
Direção: Jake Karsdan
Elenco: Karen Gilliam, Dwayne Johnson, Kevin Hart mais
Gêneros: Comédia, Aventura
Nacionalidade: EUA