“Lovecraft Country” se passa nos Estados Unidos da década de 1950 e acompanha um jovem que acabou de voltar da Guerra da Coreia. Com seu tio e sua amiga, ele embarca em uma viagem em busca de seu pai, mas terá de enfrentar uma sociedade segregada e seres sobrenaturais.
O melhor piloto do ano
A expectativa para a estreia de “Lovecraft Country” era grande, sobretudo aos fãs de terror e do escritor H. P. Lovecraft, que não só cede nome a série, mas também tem suas obras como motor para a narrativa. E o que mais chamava atenção desde que a série foi anunciada era o nome de Jordan Peele como produtor executivo. Ele não só parecia bastante envolvido com o projeto como toda a premissa de um terror com forte tensão social e racial está inteiramente ligado a filmografia do cineasta.
Por sorte, todas as expectativas não só foram atendidas como também superadas. Misha Green, showrunner da série, aparece como grande surpresa e não tem medo de mergulhar de cabeça no universo lovecraftiano desde o primeiro episódio. Esse é sem dúvida o melhor piloto que eu assisti em 2020.
Tudo começa com a volta de Tic (Jonathan Majors) para Chicago após lutar na Guerra da Coreia. Lá conhecemos também o seu tio (Courtney B. Vance) e sua amiga Leti (Jurnee Smollett-Bell) que o acompanharão em sua jornada. O bairro parece amigável e alegre, cheio de cores vivas e neon, música e diversão. Entretanto, logo que os personagens saem de suas casas, as cores vivas começam a dar lugar a tons mais amarronzados, antecipando assim a hostilidade que virá a seguir.
Então, a cada novo passo que dão fora de Chicago são tratados com mais desrespeito. Primeiro são ofendidos e recebem olhares de desprezo. Depois, começam a ser caçados. E, quanto mais se aproximam do seu destino, maiores são os perigos que surgem.
Suspense e preconceito
Assim, a série cria uma progressão de tensão constante, como uma bomba-relógio prestes a explodir (o que acontece no clímax). E, nesse sentido, a direção da uma aula de como construir suspense, sempre colocando o público para ver o perigo chegando antes dos personagens, como na cena em que Tic e Leti estão conversando calmamente em frente a um bosque e surge um carro de polícia no fundo se aproximando lentamente.
Da mesma forma que a tensão cresce, os conflitos raciais também aumentam até se tornarem quase metafóricos. Se inicialmente as ofensas são explícitas, no final a crítica surge por meio da violência extremamente gráfica, aqui como uma resposta ao racismo evidente, o que não deixa de ser curioso, já que o autor que cede nome a série era conhecido por ser racista (além de misógeno e xenofóbico). E ver um racista se transformando em um vampiro que tenta se alimentar dos negros não poderia ser mais emblemático.
E é justamente no clímax que temos a união de dois elementos que conflitam durante todo episódio: a ficção (ou aquilo que acreditamos ser ficção) e a realidade. Basta descobrirmos agora o que é mais perigoso nessa sociedade o conhecido ou o desconhecido.
Crítica em vídeo:
Assista abaixo à crítica em vídeo que eu fiz sobre o episódio em meu canal, o 16mm.
Assista ao trailer:
Ficha Técnica:
Título original: Lovecraft Country
Data de lançamento: 16 de agosto de 2020
Showrunner: Misha Green
Elenco: Jonathan Majors, Jurnee Smollett-Bell, Courtney B. Vance mais
Gêneros: Terror social
Nacionalidade: EUA