“Mortal Kombat” é uma nova versão da adaptação dos games de Mortal Kombat, que já tinha recebido dois filmes na década de 1990 (ambos não pertencem ao universo do longa de 2021). Aqui acompanhamos o lutador Cole Young se unindo a um grupo de pessoas poderosas para tentar salvar a Terra da dominação de Outworld.

O filme estreia nos cinemas dia 29 de abril.

Filme para quem?

Vivemos, ao longo das últimas três décadas (ou até mais), uma busca incessante de Hollywood para construir franquias baseadas em jogos de vídeo game. O objetivo disso é claro: ganhar dinheiro ao atrair fãs dos games sem precisar de ideias novas (falta de ideias essa que assombra os blockbusters estadunidenses há anos). Entretanto, os seguidos fracassos dessas obras, que começa na década de 1990 com “Super Mario Bros.”, “Mortal Kombat” (1995), Street Fighter, entre outros, e se estendem pelos anos 2000 e 2010 com “Tomb Raider” (as duas versões), “Resident Evil”, “Doom”, “Príncipe da Pérsia”, “Warcraft”, “Assassin’s Creed” etc, começam a fortalecer um estigma negativo sobre os filmes derivados de games, o famoso “filme de video game não presta”. E o novo “Mortal Kombat” vem para reforçar ainda mais essa visão mercadológica do cinema sobre essas obras, algo que só os executivos de Hollywood ainda não perceberam que não funciona.

Com isso, o longa se debruça no fan service como único elemento atrativo para o nicho restrito dos fãs dos jogos, e deixa todos os elementos cinematográficos para segundo plano. Além disso, outro clichê presente (que os executivos insistem, apesar dos sucessivos flops) é o do protagonista que não estava nos games e entra na narrativa do filme como o ponto de exposição, quem recebe todas as informações dos outros personagens, pois não conhece aquele mundo (em uma clara tentativa de atrair a outra parcela do público, os que não conhecem os jogos). O que talvez nem seria um problema, se não fosse o background e o desenvolvimento praticamente inexistente do personagem.

É então que entramos mais uma vez na crise do roteiro que se estabelece há anos em Hollywood. “Mortal Kombat” se esconde atrás de momentos para os fãs, sobretudo a apresentação de personagens icônicos e uma sanguinolência, na tentativa de criar uma euforia que desvie o foco da fraca história que está sendo contada. Isso porque não há nada de relevante a ser contado aqui, fazendo com o que o roteiro invista em um genérico drama familiar em meio a uma possível dominação da terra, sem ter nenhum cuidado com nenhum dos personagens apresentados.

Critica Mortal Kombat 2021

Mas ainda pior do que o roteiro são as demais escolhas feitas na pré-produção, ao longo da filmagens e na pós-produção. A começar pela contratação de um diretor e de um elenco extremamente inexperientes (com exceção do ótimo, mas sempre subutilizado Hiroyuki Sanada), e uso o termo “inexperiente” para não dizer desqualificado (já que a maioria ainda está no começo de carreira), passando pela direção, que adota uma linguagem ultrapassada, com apelo pelo exagero emocional e das interpretações (típico de filmes de menor orçamento da década de 1990), além de cenas de ação mal coreografadas e sem qualquer impacto dramático (algo inaceitável, já que o elenco foi escolhido justamente porque todos sabem lutar) e o uso totalmente fora de tom da linguagem dos games, como na música do jogo que entra sempre ao começar uma luta. Para piorar, como é comum em Hollywood, a terra das franquias, o longa está mais preocupado em estabelecer uma premissa para possíveis sequências do que em criar uma coerência interna.

No fim, “Mortal Kombat” deixa uma sensação de amadorismo em todos os níveis fílmicos, algo inaceitável para um projeto de médio orçamento vendido como uma das principais obras da Warner em 2021. Sabendo do provável fracasso do longa, o estúdio lançou na semana da estreia um vídeo contendo toda a primeira sequência do filme, claramente a os melhores minutos de toda a obra. Eu preferia ter ficado apenas com esse vídeo.

Nota: 3.5

Assista ao trailer:

Ficha Técnica:

Título original: Mortal Kombat
Data de lançamento: 20 de maio de 2021
Direção: Simon McQuaid
Elenco: Lewis Tan, Jessica McNamee, Joe Taslim
Gêneros: Ação, Fantasia
Nacionalidade: EUA