“O Caso Collini” conta a história de um advogado destinado a defender o homem que assassinou o seu pai adotivo. Aos poucos, ele começa a revirar o passado e descobre que essa história começou há muito anos, durante a Segunda Guerra Mundial.

Um boa história

“O Caso Collini” é um filme muito mais de história do que de direção. E digo “história”, e, não, “roteiro”, pois este tem alguns problemas semelhantes à direção. Comecemos por aquilo que o filme acerta em cheio: o protagonista Leinen. Fazia tempo que eu não via um filme seguir tão à risca e de maneira tão evidente o conceito de que quanto maiores e mais difíceis as decisões impostas a um personagem, mais complexo ele é. Aqui, desde a premissa vemos um jovem advogado destinado que tem como primeiro caso defender um homem acusado de assassinar o seu pai adotivo. Logo de início ele é posto em um conflito complicadíssimo: tentar salvar um assassino de alguém que amava ou abandonar sua carreira?

É claro que o roteiro se desenvolve por um caminho menos confrontador a partir do momento em que começamos a descobrir quem são realmente os dois personagens envolvidos no crime e àqueles responsáveis pela acusação. Tentando evitar que as decisões do protagonista fiquem mais fáceis, “O Caso Collini” introduz na hora certa uma nova personagem que pesará a consciência dele. Além disso, apesar das muitas reviravoltas, o longa nunca tem isentar o assassino de seu crime, apenas apresenta fatos que criem uma possível motivação. Dessa forma, Leinen continua sendo obrigado a defender quem matou o homem que cuidou dele, só que o faz muito mais por um senso de justiça, traço que é apresentado em seu caráter desde o início.

Mas o ponto chave da história surge mesmo com as revelações do passado, alterando assim a temática central do filme em sua segunda metade. De um conflito pessoal, o longa passa a falar sobre o resgate do passado e o não esquecimento daqueles crimes. Assim, ele ganha uma importância sem nunca parecer que introduziu tais informações forçadamente.

Critica O Caso Collini 2

Direção

Entretanto, o roteiro e, principalmente, a direção acabam comprometendo parte da construção dramática do longa ao trocar o peso das cenas pelo exagero narrativo e técnico. Então, o que temos são cenas muito curtas, muitas vezes incapazes de atingirem o espectador emocionalmente, o que seria resolvido facilmente com o prolongamento de tais momentos e a menor pressa da montagem.

Porém, ao mesmo tempo, o longa tem duas horas com várias sobras que poderiam ser facilmente cortadas ou trocadas. São muitos flashbacks desnecessários, personagens secundárias sem desenvolvimentos, reviravoltas que pouco alteram a trama, além de uma série de escolhas técnicas que aproximam o filme de uma novela, sobretudo a manipulativa trilha sonora. Tudo isso ajuda a criar uma artificialidade não intencional, já que o longa busca um realismo, mas nunca o encontra.

Por sorte, a obra melhora no ato final ao focar no drama de tribunal, ainda que algumas interrupções de flashbacks voltem a comprometer a dramaticidade de algumas cenas.

Nota: 7.0

Assista ao trailer:

Ficha Técnica:

Título original: Der Fall Collini
Data de lançamento: 13 de novembro de 2020
Direção: Marco Kreuzpaintner
Elenco: Elyas M’Barek, Franco Nero
Gêneros: Melodrama, drama
Nacionalidade: Alemanha