Em 1930, o escritor e intelectual Azorín descobriu um engano que havia sido propagado por quase 60 anos: a vida e obra do Arcebispo espanhol Antônio María Claret, fundador dos Missionários Claretianos, havia sido adulterada.

“O Santo de Todos” (Claret, no original espanhol) é um filme que narra acerca da vida do arcebispo espanhol Antônio Maria Claret, responsável por fundar a Congregação dos Missionários Claretianos. Com caráter de cinebiografia, o longa do diretor Pablo Moreno aborda, entre outras coisas, a “fake news”, muito embora o termo estivesse longe de ser reconhecido como o é atualmente. Isso fica evidente, por exemplo, no fato de livros com a biografia do religioso terem sido publicados por parte de seus opositores com o intuito de desqualificar o material de evangelização publicado por Antônio Maria, o qual exercia bastante influência nos fieis que os lia.

O longa conta a história a partir da óptica de Azorín, escritor e intelectual que constatou, em 1930 – e, portanto, mais de 60 anos depois -, a fraude nas páginas que foram escritas a respeito de Claret com o objetivo de deturpar toda a sua dedicação ao trabalho pastoral. Nesse sentido, ele acaba entrando numa jornada investigativa a fim de encontrar informações que pudessem atestar o verdadeiro caráter e a personalidade do religioso católico, contradizendo todas as mentiras criadas a respeito dele.

Apesar do subtítulo “A Vida e Missão de Santo Antônio Maria Claret”, que induz o telespectador a acreditar que se depararia com um enredo cuja abordagem se daria através dos detalhes da atuação de Claret como conselheiro e confidente da Rainha e de importantes episódios de sua vida, o filme, com a exceção da narrativa que mostra o arcebispo enfrentando a escravidão em Cuba (na época colônia espanhola), acaba soando superficial e, portanto, não atende da melhor forma possível a proposta inicial. O motivo disso muito provavelmente reside no fato de o diretor, que também esteve à frente de títulos como Pablo de Tarso: El Último Viaje (2010), Poveda (2016) e Luz de Soledad (2016), optar por mostrar a história para quem já conhece o biografado. Ou seja, o filme acaba tendo um público-alvo específico e, por este motivo, não dialoga com qualquer um que queria se deleitar em uma produção de temática religiosa, mas que não conhece previamente a figura ali retratada.

No mais, outros momentos importantes da vida do religioso poderiam ter recebido um tratamento mais cuidadoso, em que pesa, sobretudo, uma abordagem a respeito de sua vida na Espanha. Um dos pontos importantes a destacar aqui é a criação de uma instituição voltada a seminaristas e estudantes dentro da Igreja, por exemplo, que acabou sendo mal explorada no enredom e que acabaria tendo um efeito narrativo interesse caso o fosse.

Por outro lado, não se pode deixar de ressaltar ainda a importância de um relato narrativo sobre uma figura religiosa que tivera a vida ameaçada por atuar na defesa dos valores humanos e sociais, incluindo, ainda, a luta contra a escravidão, assunto sempre de muita relevância. A importância disso se dá principalmente pelo fato de testemunharmos episódios parecidos na atualidade, uma vez que a intolerância e a falta de observação do próprio Evangelho têm promovido condutas fortemente repreensíveis por parte de muitos que se dizem cristãos.

Critica O Santo de Todos – A Vida e Missao de Santo Antonio Maria Claret

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Ficha técnica:

  • O Santo de Todos – A Vida e Missão de Santo Antônio Maria Claret
  • Ano: 2022
  • Direção e roteiro: Pablo Moreno

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