“Rua do Medo 1666 – Parte 3” acompanha Deena na pele de Sarah Fier, em 1666, tentando descobrir como a maldição de Shadyside começou para poder desfazê-la no futuro.
O filme está disponível no catálogo da Netflix.
Juntando as peças
Todo o projeto “Rua do Medo” me soa como um teste para a Netflix. Mais do que os eventos da história, o streaming tenta perceber como o público reagirá a uma série lançada em partes. Ou seja, os bons e velhos episódios semanais que vem dando tanto resultado nos streamings concorrentes ao manterem obras relevantes por mais tempo. Essa percepção que já se desenhava nos dois primeiros filmes da trilogia se confirma em “Rua do Medo 1666 – Parte 3”.
É impossível analisar o projeto em partes, eles clamam por serem um só. É uma minissérie que teve alguns de seus capítulos agrupados para formarem três grandes filmes. Se os predecessores tentavam mascarar isso ao contar histórias contínuas que se passavam no mesmo tempo e local, a parte 3 entrega sua divisão ao simplesmente dividir o longa em duas partes. Os eventos de 1666 simplesmente acabam, e, após um fade, somos transportados para a resolução no presente.
Porém, longe de tornar o projeto todo episódico, Leigh Janiak volta a demonstrar talento ao resolver o quebra-cabeça que criou nos longas anteriores. Se o primeiro começa a abrir as pontas da mitologia e o segundo trata de resolver um caso específico, “Rua do Medo 1966” é responsável por dar coerência a todo o projeto. Então, abandona um pouco as homenagens ao slasher, principalmente do segundo filme, para voltar ao passado e envolver sua trama numa relação de bruxaria. O filme não esconde sua relação bastante íntima com “As Bruxas de Salem”, ao mesmo tempo que nunca parece uma cópia, justamente por escolhas que envolvem essa mitologia própria da trilogia.
Dessa forma, o longa dá o tom de lenda que o projeto clamava desde o primeiro filme. Passado e presente se tornam um só, reforçado pela escolha de manter os atores de 1994 em 1666, tanto tematicamente (punitivismo e preconceito que permanecem) quanto ao completar a própria mitologia (como surgiu a maldição que assombra Shadyside há séculos).
É bem verdade que o longa mais uma vez se utiliza de elementos estéticos e narrativos bem genéricos, como as soluções quase fantasiosas do terceiro ato ou os flashbacks para relembrarem o que a gente já sabe. Mas, no geral, Janiak dá corpo a um projeto que consegue conciliar homenagens a um gênero bastante saturado e uma mitologia própria com certas subversões, como os jovens inteligentes ou o sexo não sendo tratado como algo negativo.
Nota:
Assista a minha crítica em vídeo:
Assista ao trailer:
Ficha Técnica:
Título original: The Fear Street Part Three: 1666
Data de lançamento: 16 de julho de 2021
Direção: Leigh Janiak
Elenco: Kiana Madeira, Olivia Welch, Benjamin Flores Jr.
Gêneros: Terror
Nacionalidade: EUA