“Rua do Medo Parte 2: 1978” volta a 1978 para explicar como C. Berman se tornou a primeira pessoa a sobreviver aos comandados da bruxa em um acampamento de férias.
O filme está disponível no catálogo da Netflix.
Uma abordagem mais direta
Se o primeiro filme fazia referências ao slasher e ao giallo, ao mesmo tempo que investia em criar uma mitologia própria, “Rua do Medo Parte 2: 1978″ se aproveita do terreno previamente construído para investir em uma abordagem mais direta dos filmes de assassino, tornando as referências ainda mais evidentes.
Fica claro que “Rua do Medo” é um experimento da Netflix, talvez até visando descobrir a aceitação do público para “episódios” semanais. Ainda que seja uma trilogia de filmes, não é loucura dizer estes apresentam um formato de minissérie, ou melhor, cada um faz dos seus três atos o semelhante a três episódios de uma série limitada. Caso o público curta a ideia, o streaming pode começar a investir mais na fragmentação de suas séries em lançamentos de um capítulo por semana, já que suas concorrentes Amazon Prime e Disney+ tão tendo sucesso ao manter suas obras relevantes por mais tempo por causa desse formato de exibição.
Assim, fica difícil analisar “Rua do Medo Parte 2″ como uma peça completamente única, já que ela mais parece a engrenagem central de um projeto pensado como uma narrativa completa. O final cria uma espécie de cliffhanger chamando o público para o filme seguinte, assim como o início, ao colocar uma personagem para contar uma história para outras duas, nada mais é do que uma forma de fazer um link com a obra anterior.
Porém, longe de ser um problema, o segundo longa se beneficia de uma mitologia já estabelecida e de assassinos apresentados. Mais do que nos surpreender, o filme se sustenta por manter o público tentando encaixar as peças do quebra-cabeça. Qual irmã sobreviveu? Como o garoto se transformou no assassino do machado? Como a sobrevivente foi ressuscitada? Qual é a relação do xerife da cidade perfeita com o caso? Essas são apenas algumas das perguntas que ficamos tentando adivinhar.
Além disso, por já ter uma mitologia explicada, o longa também apresenta uma abordagem mais direta para com o gênero. As referências se tornam claras, sendo a mais óbvia a “Sexta-Feira 13” (o acampamento de jovens com um lago e um assassino). Os personagens com certa profundidade presentes no primeiro filme deixam de ser uma obsessão da diretora Leigh Janiak, assim como as tentativas de subverter clichês do slasher. Se a parte 1 brincava com o subgênero do terror, a parte 2 o abraça por completo. É um filme de assassino da década de 1980 em quase todos os sentidos.
Claro que, em certa medida, a previsibilidade de “Rua do Medo Parte 2″ acaba eliminando a criação de grandes sequências de terror, já que, com exceção das duas irmãs, os demais personagens são apenas desculpas para mortes violentas. Isso resgata até um pouco da essência do slasher, muitas vezes mais preocupado com o gore e mortes inventivas do que necessariamente com uma trama bem articulada ou personagens bem desenvolvidas.
“Rua do Medo Parte 2: 1978″ pode não ser tão perspicaz quanto o primeiro ao reviver um gênero saturado, mas a abordagem mais direta faz com o longa seja uma boa peça para a engrenagem da trilogia. No final, tudo dependerá do terceiro filme e como essa mitologia será resolvida.
Nota:
Assista a minha crítica em vídeo:
Assista ao trailer:
Ficha Técnica:
Título original: The Fear Street Part Two: 1978
Data de lançamento: 9 de julho de 2021
Direção: Leigh Janiak
Elenco: Sadie Sink, Emily Rudd
Gêneros: Terror
Nacionalidade: EUA