“Sergio” conta a história das duas últimas missões do diplomata brasileiro da ONU, Sergio Vieira de Mello. Após o seu sucesso no Timor Leste, ele segue para Bagdá, onde sofre um atentado contra sua vida.
Filme importante, mas problemático
“Sergio” é um daqueles filmes que já nascem relevantes. Em tempos de discursos de ódio, nada melhor do que trazer à tona a história de alguém que lutou pela paz. Sem dúvida, Sergio Vieira de Mello é uma daquelas figuras que mereciam ser mais conhecidas, dentro e fora do Brasil. E essa é uma das razões para Greg Baker voltar a retratar esse diplomata, após o seu premiado documentário de mesmo nome. É inegável que um longa da Netflix tem o poder de atingir um público bem maior do que o filme documental, mesmo a obra anterior sendo superior.
O longa vai se estruturar a partir de momentos antes do atentado. Então, nos escombros, a montagem sugere que o protagonista começa a pensar em alguns acontecimentos anteriores, que são mostrados por meio de flashbacks. Entre eles, está a missão no Timor Leste, onde ele conhece a argentina Carolina, com quem fica junto até sua morte.
Então, o foco da direção vai ser o de entender a psicologia desse personagem tão complexo, fugindo da estrutura clássica e batida de contar a vida inteira do personagem. Pelo menos em teoria.
O problema é que Baker não se decide completamente se ele vai se restringir ao olhar do protagonista ou vai dar atenção para os acontecimentos da época. E, assim, o longa acaba não sabendo ao certo o que deseja ser. Muito disso vem da sua carreira como documentarista. Não à toa, o longa é cheio de cenas mostrando reportagens da época, recurso comum no documentário, mas que aqui pouco agrega à história, além de quebrar constantemente a imersão na personalidade do protagonista.
Plano fechado
Entretanto, a escolha da direção que mais empobrece a obra é o exagero no plano médio e primeiro plano. Ao ter sempre apenas um personagem em cena, com pouca profundidade de campo, o longa cria uma ideia de claustrofobia, o que certamente não é intencional. E o pior é que inicialmente o longa acerta ao utilizar esse recurso em Wagner Moura, já que estamos presenciando as lembranças do Sergio.
Porém, o filme segue usando o mesmo recurso durante quase todas as duas horas de rodagem, não só ao enquadrar o Sergio, mas também aos demais personagens, enfraquecendo e banalizando a escolha.
E o mais triste é que a dupla de protagonistas é talentosa e apresenta uma boa química. Não por acaso, o romance entre eles é o que mais funciona no longa.
É a segunda vez que Moura e Ana de Armas fazem um casal, e, de novo, o filme é bem problemático, mas não por causa deles. Ainda assim, “Sergio” é muito superior ao anterior e fraco “Wasp Network”.
Nota: 5.5
Crítica em vídeo:
Assista abaixo à crítica em vídeo que eu fiz sobre o longa em meu canal, o 16mm.
Assista ao trailer:
Ficha Técnica:
Título original: Sergio (Sergio)
Data de lançamento: 17 de abril de 2020 (1h 58min)
Direção: Greg Baker
Elenco: Wagner Moura, Ana de Armas mais
Gêneros: Drama, Cinebiografia
Nacionalidade: EUA