“Sweet Tooth” acompanha um mundo devastado após ser atingido por uma pandemia. Porém, da doença surgiu híbridos entre humanos e animais, que agora são caçados por vários motivos.
A série está disponível na Netflix.
Uma fábula no apocalipse
“Sweet Tooth” é mais uma obra a rejeitar a busca pelo realismo que vem dominando Hollywood nos últimos anos. Ao conflitar naturezas muito opostas, a série aposta em uma estética mais artificial, sobretudo por meio da imagem e de uma fotografia estourada, quase fake, para dar vida ao fabular em meio ao caos. Acompanhamos aqui um jovem híbrido que não conhece nada do mundo, e é a partir de tal inocência que a série apresenta o seu contraponto: um mundo repleto de ódio e seres humanos corrompidos.
Dessa forma, a nova produção da Warner em parceria com a Netflix, consegue investir na leveza e no carinho entre personagens tão distintos, tanto em passado quanto em ações, mas que se vêm vinculado à inocência e ao amor do protagonista, formando assim um divertido grupo de desajeitados. Ao mesmo tempo, ainda que seja uma obra juvenil, a série não tem medo de tocar em assuntos mais sérios de nossa sociedade, ainda que alguns, como a megacorporação criadora de um vírus mortal e experiências desumanas, soem para lá de batidos.
Com isso, temos discussões que passam pelo preconceito e ódio pelo desconhecido, a natureza humana em um mundo sem leis, o amor como única saída para um mundo “selvagem”, além de um longo questionamento sobre a ética pessoal, centrada na figura do médico, que vive o dilema entre salvar sua esposa e se negar a cometer atos terríveis.
E é justamente a escolha de criar três linhas narrativas, ainda que duas delas se pareçam bastante, que faz a série adquirir uma certa complexidade bem-vinda aos seus personagens. Seus passados são explorados e servem como exposição inteligente. enquanto o futuro parece sempre imprevisível naquele mundo. Mas, diferente da maioria das obras que trabalham narrativas que caminham paralelamente, “Sweet Tooth” não tem uma necessidade de ficar interligando-as o tempo todo, o que permite que todas elas tenham uma certa fluidez (talvez o arco do zoológico seja o único mais prejudicado por isso).
Assim, a nova fantasia da Netflix acerta muito ao investir no fabular, que vai desde a história com aprendizagens, passando pelos personagens (talvez o protagonista e o vilão sejam o melhor exemplo desse contraponto maniqueísta) e principalmente pelas escolhas estéticas, sobretudo uma artificialidade da imagem que dá o tom da obra. Agora é esperar para ver se as temporadas seguintes vão ampliar o escopo, já que tudo nesse primeiro ano é bastante fechadinho em um espaço relativamente restrito, o que pode soar estranho para uma obra que adota a estrutura de um road movie.
Nota: 7.5
Assista a minha crítica em vídeo:
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Ficha Técnica:
Título original: Sweet Tooth
Data de lançamento: 4 de junho de 2021
Gêneros: Fantasia
Nacionalidade: EUA