Um Amor Impossível
“Um Amor Impossível” conta a história de uma jovem trabalhadora e um rapaz burguês. Eles têm um relacionamento intenso, mas breve, do qual nasce uma filha. E então começa uma luta por parte da mãe para que o pai assuma a filha.
Temática importante
Apesar do nome genérico, “Um Amor Impossível” traz uma história dramaticamente poderosa, ainda que imperfeita. Apesar de se passar nos anos 50, a obra baseada no best-seller de Christine Angot é extremamente atual e relevante. É um retrato honesto sobre um romance, que ao primeiro olhar parece perfeito, com um casal que se ama profundamente. Porém, aos poucos o que parecia amor vai se revelando como um relacionamento abusivo e destrutivo.
O ritmo é problemático, torna o filme cansativo e mais longo que devia, com passagens de tempo equivocadas. A falta de uma montagem mais pontual tira o peso de muitas ações, é o problema de querer contar a história de uma vida inteira. Mas a falta de ritmo é compensada com poesia e um drama consistente, que beira intencionalmente o melodramático. E isso só funciona porque as atuações são capazes de transformar os personagens em pessoas críveis.
Atuações fantásticas
Virgine Efira vive Rachel, personagem que lhe rendeu uma indicação ao César (principal prêmio do cinema francês). Ela vende com perfeição a sensibilidade e vulnerabilidade que a personagem pede, uma mulher forte, mas que entra em um relacionamento abusivo e só percebe isso quando está apaixonada demais para voltar atrás. Ela encara com seriedade o dramas e o mix de emoções que Rachel carrega. Uma mãe solteira em plena década de 1960, que se divide entre cuidar da filha e conseguir sobreviver em uma sociedade machista.
Ao mesmo tempo, ela está em constante conflito sobre o sentimento que sente por Phillipe (Niels Schneider). Este, por sua vez, é um destaque por trazer complexidade para o vilão da história. Schneider foge da caricatura e apresenta um personagem espantosamente real. Doce e apaixonado à primeira vista, mostra-se alguém inteligente e manipulador, capaz de enganar as pessoas sem que elas percebam. E em muitos momentos, nem ele mesmo percebe o quão cruel está sendo. Da mesma forma que a protagonista demora a perceber em que está se metendo, o público acaba sendo enganado pela falsa bondade de Phillipe. Os sinais estão lá desde o início, mas o roteiro é perspicaz ao só tornar estes claros quando já é tarde demais.
Outro ponto do roteiro é só tornar claro no final do segundo ato qual é o detalhe mais atormentador que Phillipe traz. Mais uma vez, como a protagonista, insistimos em não perceber o que estava na nossa cara o tempo todo.
Vale um destaque também para a atuação de Jehnny Beth (também indicada ao César). É uma pena que ela demore tanto tempo para entrar no filme. Já que a presença dela engrandece o material original.
Repetição exagerada
Infelizmente, o filme fica muito preso às batidas do gênero, o que dá uma impressão de ser uma obra muito comum. Há também uma tentativa de trazer os momentos cíclicos da vida, só que o roteiro acaba perdendo a mão e se tornando bastante repetitivo. Isso faz com que o filme perca o foco do que mais interessa. Dessa forma, as mais de duas horas de duração acabam se tornando cansativas.
Nota: 7.0
Assista ao Trailer:
Ficha Técnica:
Título original: Un Amour Impossible (Um Amor Impossível)
Data de lançamento: 22 de agosto de 2019 (2h 10min)
Direção: Catherine Corsini
Elenco: Virgine Efira, Niels Schneider, Johnny Beth mais
Gêneros: Drama, Romance
Nacionalidade: França