O que o feminismo diz sobre a prostituição?

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A prostituição está presente há bastante tempo por aqui, não é à toa a alcunha de profissão mais antiga do mundo. Porém, de uns anos para cá, a narrativa sobre esta prática mudou, permitindo que cada vez mais pessoas possam enxergá-la como um tipo de trabalho.

Levando em consideração questões que pesam para ambos os lados, positivo e negativo, como o empoderamento feminino e a objetificação da mulher, como será que o feminismo enxerga a prática: posiciona-se contra ou a favor? É isso que vamos descobrir hoje!

Os argumentos das feministas que apoiam a prostituição

Meu corpo, minhas regras

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Mônica na edição nº 94 de Turma da Mônica Jovem.

 

A liberdade de uma mulher fazer o que quer e bem entende com seu corpo, ou sua vida no geral, não deve ser tirada de modo algum. Impedir a prostituição é ir totalmente contra esse conceito.

Empoderamento feminino

Isso mesmo! A garota de programa e feminista Lola Benvenutti revelou ao Huffpost Brasil que poder escolher ser prostituta é um ato de empoderamento

 “Uns dias atrás eu fui em um debate na USP sobre prostituição na Copa. Fui com uma amiga travesti — ela estava participando; eu fui como ouvinte”, lembra Lola. “Saí de lá indignada! Esse pessoal falando que ‘toda puta é um objeto’. Para mim, [ser puta] é empoderamento. Ser feminista é definir as próprias regras, é ser dona do próprio corpo, e eu sou dona do meu. ‘Eu sou puta e sou feminista’, como diria Gabriela Leite [prostituta e socióloga que idealizou a ONG Davida e a grife Daspu, falecida em 2013].”

Claro, apesar de existirem prostitutas que cobram cerca de R$150 a R$ 200,00 por programa, existe um outro grupo, as acompanhantes sp, que chegam a ganhar de R$20.000 a R$30.000 por mês através da profissão. Conhecemos inclusive acompanhantes em Santos que cobram R$1000 por cada programa. Ou seja, quando a mulher tem uma visão de negócio, investe em si mesma e consegue encontrar boas oportunidades para trabalhar como acompanhante, abre-se um novo mundo de possibilidades!

Um trabalho como outro qualquer

A mulher está prestando um serviço, como qualquer outro profissional, e recebendo o valor estipulado por ela mesma. Não há nenhum problema em pagar por sexo!

Sexo consensual

Tudo acontece com base no que ela define como disponível: sexo vaginal, anal, oral, fetiches, tempo de duração, e poderíamos passar o dia todo listando opções. Não há qualquer tipo de infração ao desejo ou corpo alheio. Isto, é claro, quando estamos falando da prostituição voluntária, sem imposição ou rufianismo envolvido.

Escolha Própria

Lógico que não podemos generalizar e simplesmente dizer que não existam casos fora desta curva, mas é importante considerar o grande número de mulheres que escolheram esta profissão. Que estão ali porque quiseram trabalhar como acompanhantes, e não por apenas “falta de opção” ou “porque estavam desempregadas”, como é comum de se imaginar.

Mesmo com a proibição em diversos países, esse trabalho nunca deixou de existir e a proibição apenas trouxe mais problemas para as pessoas que prestam este tipo de serviço. Enquanto deveriam ter exatamente o oposto de seus governos, mulheres não vêem considerados seus direitos, assim como qualquer outra profissão.

Motivos que fazem algumas feministas se posicionarem contra a profissão

Uma opção para a minoria delas

Várias garotas estão na profissão por falta de oportunidade. Há sim aquelas que curtem o que fazem e poderiam muito bem estar desempenhando outras funções, porém, elas são a exceção e não a regra.

Sinal de submissão

Um homem sem oportunidade dificilmente recorre a vender o próprio corpo, então por qual motivo tantas mulheres acabam por fazê-lo? Por que é exatamente isso que a sociedade prega a tanto tempo.

Objetificação da mulher

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“Não está a venda”

 

Assim como o sub-tópico acima, vemos aqui algo incrustado na sociedade: a normalidade em tratar o corpo feminino como objeto, precificando tal qual uma mercadoria. Podemos incluir isso em qualquer conteúdo adulto à venda, até mesmo aqueles que incluem homens, já que é exorbitante a diferença de participação dos sexos.

Mas afinal, a prostituição é ou não apoiada pelo feminismo?

Como dito por Monique Prada em seu livro Putafeminista, existem diversas contradições e vertentes dentro da própria luta das mulheres, o que leva à existência tanto de prostitutas feministas, como de feministas que se posicionam contra a prostituição. (via Hypeness)

Fica impossível cravar uma resposta, pelo simples fato de que existem diferentes visões. O que pode ser dito sobre é que existem diversas garotas de programa e acompanhantes de luxo que lutam pelos direitos das mulheres dentro da profissão, pela igualdade, atuando como feministas. Assim como existem mulheres de fora da profissão que a defendem. Por outro lado, há bastante conteúdo sobre feministas que não apoiam a prática, com as suas devidas razões.

Na reportagem a seguir da Rede TVT, sobre o projeto de lei que regulamenta a prostituição como profissão, podemos ver bem essa divisão dentro do próprio grupo:

Aproveitando a questão, gostaríamos de citar uma frase da autora Amara Moira em um artigo seu para o Mídia Ninja sobre prostituição e feminismo: “Não há feminismo sem prostitutas, não há esquerda sem prostitutas”. Além de recomendar uma lida no texto em questão para complementar o tema.

Encontrando um meio termo entre os dois lados

Por ser um tema bastante delicado, todo e qualquer posicionamento acaba soando polêmico, e provavelmente continuará assim por bastante tempo, um tabu. Vemos argumentos plausíveis para ambos os lados da moeda, a prova disso é que a opinião de um lado não inviabiliza a existência do outro. 

Entretanto, ambos os lados concordam em uma coisa: a profissionalização da prostituição serviria como uma medida paliativa para oferecer mais segurança e formalização sobre a profissão. Um investimento por parte do Estado viria para dar melhores condições de trabalho e garantir direitos básicos das mulheres que porventura se tornem prostitutas por falta de opção.