Marcas que continuam presentes na Russia e Financiamento da Guerra na Ucrânia
Estava conversando recentemente com uma amiga ucraniana e ela virou uma chavinha em mim comentando como um pequeno gesto individual mas que, se feito em uma coletividade, como nós poderíamos impactar até mesmo guerras e deixar de compactuar (mesmo indiretamente) com atitudes insanas de pessoas como o presidente da Russia, e financiando a máquina de guerra de Putin.
Desde 2014, a Rússia tem mantido uma agressão constante contra a Ucrânia, que se intensificou ainda mais após uma invasão militar em grande escala no território ucraniano em 24 de fevereiro de 2022. Ao longo de dois anos, essa guerra resultou em uma devastadora crise humanitária através de crimes militares cometidos pelas tropas russas, com milhares de civis mortos e milhões de pessoas refugiadas e sendo forçadas a fugir de suas casas.
Como reação a este ato de agressão, muitas empresas internacionais decidiram abandonar o mercado russo, enquanto outras continuaram fazendo negócios normalmente, diretamente ou indiretamente, pois embora algumas empresas tenham abandonado completamente o país, algumas delas apenas que anunciaram que partiram, mas na realidade ainda têm uma enorme presença na Rússia: a maioria das marcas criou novos “substitutos russos” para os seus produtos.
Ao invés de Starbucks, IKEA e Dunkin’, a Rússia agora tem Stars Coffee, Swed House e Donutto. O McDonald’s agora é Vkusno I Tochka. CoolCola, Fancy e Sprint substituíram a Coca-Cola, Fanta e Sprite. Essas mudanças refletem as tentativas das empresas de continuar suas operações na Rússia, apesar das pressões políticas e éticas.
De acordo com um estudo da IBC Real Estate de março desse ano, cerca de 73% das marcas de luxo estrangeiras permaneceram na Rússia. Os analistas estudaram como mudou o status e a atividade de mais de 60 empresas que operam lojas no segmento de luxo – em shopping centers, outlets e boutiques independentes.
Porém, algumas marcas renomadas, como Chanel, Dior, Prada, Louis Vuitton e Cartier, fecharam suas lojas no país, na primavera de 2022.
Essas marcas ainda ocupam espaço de varejo e cumprem obrigações de arrendamento, disse Ekaterina Nogai, chefe do departamento de pesquisa e análise da IBC Real Estate. Porém, segundo ela, a parcela de lojas que suspenderam as operações é inferior a 1% de todos os espaços alugados no mercado imobiliário varejista.
Além das marcas de luxo, gigantes do entretenimento e da tecnologia também tomaram medidas para suspender suas operações na Rússia. A Netflix interrompeu seus serviços e cancelou todos os projetos e aquisições no país, enquanto Warner, Disney e Sony adiaram os lançamentos de suas novas produções. A Apple excluiu os aplicativos das empresas estatais russas de mídia RT e Sputnik e anunciou a interrupção das vendas de seus produtos, como iPhones e iPads, no território russo. Outras empresas, como Lego, Panasonic, Microsoft, Nokia, Ericsson e Samsung, também optaram por encerrar suas operações no país que possui mais de 140 milhões de habitantes.
Shoppings na Rússia após a saída de marcas de luxo:
Em 2022, a União Europeia e os Estados Unidos introduziram sanções que afectaram os bens de luxo – artigos que fossem acima de 300 euros estavam na lista de bens de luxo proibidos de serem importados para a Rússia. Em resposta, a Rússia permitiu a importação de produtos de marcas antigas sem licenças dos detentores de direitos de autor; em maio de 2022, o Ministério da Indústria e Comércio aprovou uma lista de produtos para importação paralela, que foi atualizada várias vezes.
Atualmente existem 3 meios para que os produtos cheguem até a Russia:
Copycat Brands
Através do Empresario que compra os direitos da marca para revenda, mudando assim o nome da marca, mas mantendo o produto:
Ao invés de Starbucks, IKEA e Dunkin’, a Rússia agora tem Stars Coffee, Swed House e Donutto. O McDonald’s agora é Vkusno I Tochka; CoolCol ao invés Coca-Cola, Fancy ao invés de Fanta, Sprint substituiu a Sprite; mas também é possível encontrar o produto sendo diretamente vendido.
Mesmo assim, temos a defesa (contraditória ou não) das marcas que se pronunciaram sobre a guerra e os seus produtos sendo vendidos na Russia:
- McDonald’s: A empresa americana vendeu suas operações na Rússia para um empresário local. A nova empresa, Vkusno i Tochka, não tem nenhuma ligação com o McDonald’s e não usa sua marca, logotipo ou produtos.
- Starbucks: A empresa americana fechou todas as suas lojas na Rússia. A empresa estima que a perda de receita com a saída da Rússia seja de US$ 120 milhões por ano.
- IKEA: A empresa sueca suspendeu todas as suas operações na Rússia. A empresa estima que a perda de receita com a saída da Rússia seja de € 1,5 bilhão por ano.
Importação Paralela ou Online
Onde a marca envia o produto até o distribuidor para os países vizinhos que estão fora das sanções da UE contra a Russia, que por sua vez enviam tais produtos para Moscow ou São Petersburgo, pois a Russia permite a transação de uma lista de produtos importados sem a taxação dos mesmos.
Por exemplo, a Coca-Cola deixou de produzir e de vender na Rússia no ano passado, mas outros continuaram a importar a bebida, com rótulos nas garrafas e nas latas que mostram que chegaram da Europa, Cazaquistão, Uzbequistão ou até China.
Desde que seja possível o envio do produto pagando por suas taxas de envio, é possível que a maioria dos itens sejam enviados para a Russia.
Vendedores Informais
Há também a rede de vendedores informais, como uma pessoa que compra roupas em Paris ou Dubai e viajam trazendo as peças para revenda. Existem lojas com páginas no Instagram ou Telegram oferecendo comissão entre 15 a 30% para mulheres que viagem entre a Europa, Istambul ou Dubai para recolherem pedidos.
Resumidamente, a lei Russa permite que todos os tipos de importação dos produtos que foram “negados” pela guerra, mas que de alguma forma continuam chegando até as fortiicações do Kremlin.
Eu particularmente não conheço nenhum Russo (não que conheça muuitos, mas alguns) que apoiem esse ato de guerra. Dizem que os motivos não se justificam, e até mesmo que parte dos combatentes enviados discordam desse ato. Mas já que é sua pátria amada que está tomando a decisão e obrigando seus cidadãos a seguirem com ela, então, o que fazer?
Segundo algumas estimativas, a guerra na Ucrânia custa por dia ao Estado russo 1 bilhão de dólares (R$ 4,84 bilhões) – uma carga pesada para as finanças nacionais, sobretudo diante da queda dos preços do petróleo e do gás natural, e das sanções que afetam a principal fonte de renda de Moscou.
Das 1.387 empresas ocidentais com subsidiárias russas no início da invasão, em 24 de fevereiro de 2022, apenas 241 (17%) abandonaram inteiramente o país – entre as quais as cadeias de lanchonetes McDonald’s e Starbucks. As que permaneceram, geraram naquele ano 177 bilhões de dólares para os cofres nacionais.
Se ainda vivêssemos em algumas décadas antigas onde existissem apenas uma única opção de produto para o consumo, mas sabendo que existem altenativas para parar de financiar a guerra.
Quer conhecer mais?
Acesse o site Leave Russia e veja quais empresas “pararam” com os negócios, porém continuam com os negócios.
Já que as marcas só colocaram panos por baixo desse genocídio que acontece por mais de 2 anos e só mascararam o problema da população sem que afetassem as suas vendas diretas, nós consumidores podemos provar que não estamos de acordo.
Pequenas atitudes que nos ajudam como uma sociedade única.
Thanks, Valeriia 🇺🇦