“Anéis do Poder” chegou ao Amazon Prime Video no dia 1º de setembro e vem sofrendo boicote de parte do público. Entre as principais críticas estão as diferenças entre a série a obra de Tolkien, além de muitos questionando o protagonismo feminino e um elfo negro.

Porém, as críticas, em sua maioria, são tão mal embasadas quanto em muitos casos apenas preconceituosas mesmo. Vale a pena rebater algumas delas com argumentos.

Assista ao trailer da série abaixo:

Racismo e misoginia

Não deveria nem ser preciso dizer que os seres de Tolkien são em grande maioria fantasiosos. Então, além de um elfo negro não fazer nenhuma diferença para essa nova história sendo construída, vale destacar que as obras são de décadas atrás. Nada mais normal que adaptações serem feitas para torná-la mais atual, visto que apesar de falar na união de raças para derrotar o mal, os livros de Tolkien defendiam uma certa beleza da branquitude que podia até não ser incomoda na época, mas que hoje é corretamente vista como racista.

Já o caso de quem critica o protagonismo da Galadriel dizendo que ela não é assim nos livros é só sexista mesmo. Isso porque, apesar de ser pouca trabalhada em Silmarillion, Galadriel tem um conto só para ela em “Contos Inacabados”. Lá, não só o filho do Tolkien, Christopher, fala sobre as inconsistências da personagem nos escritos do pai, como coloca trechos que dizem com todas as letras que a personagem só era equiparada em poder físico e sabedoria por Feanor, dentre todos os Noldor.

Além disso, ela é claramente a protagonista da Segunda Era nos livros também e se mantém na Terra Média até que Sauron seja destruído por completo. Essa é justamente a premissa da série.

O problema desses “fãs” está muito mais na força de uma personagem e nas cenas de ação. São, em sua grande maioria, homens acostumados com o sequestro dos filmes de ação para o gênero masculino que acontece há décadas e que não aceitam a possibilidade de uma mulher protagonizar esse tipo de obra. É só pura misoginia disfarçada de purismo.

Tudo que Voce Precisa Saber Para Aneis do Poder 2

Purismo

Entretanto, há também aqueles que não gostaram apenas pela série apresentar novos personagens e tramas. E o purismo é a coisa mais comum do mundo, sobretudo quando se trata de obras da cultura pop, em que o fã sente que a obra é uma propriedade sua e deve te agradar.

Mas aí mora um erro histórico. A adaptação é algo novo, para uma nova mídia, que pode até manter a essência do original, mas que não tem obrigação nenhuma de ser totalmente fiel.

Isso ocorre historicamente porque o cinema e o audiovisual são artes novas em relação à literatura e ao teatro. Então, há uma ideia de subserviência dela em relação às outras por parte do público. Não à toa, a maioria das pessoas ainda acha que o que torna um filme bom é a história, desconsiderando completamente que essa arte é audiovisual e não escrita.

Contra a imagem

Alguns ainda reclamaram da série ter “bonitas imagens”, mas não ter uma história tão boa. Aqui, eu discordo, ainda mais porque foram apenas dois episódios de apresentação, não permitindo assim ter uma noção sobre o desenvolvimento narrativo.

Só que, em muito, assemelha-se ao tópico anterior. Uma série é acima de tudo imagem e som. Sobretudo imagem. Com “Anéis do Poder” não é diferente. Muito pelo contrário, a série faz um uso fascinante da imagem e do som para nos adentrar naquele mundo mágico.

Para essas pessoas, eu sugiro esperar os próximos episódios. Já que dois capítulos é uma amostra pequena para saber os rumos da história, mas é o suficiente para entender o poder da imagem em “Anéis do Poder”.