O Rotten Tomatoes é o agregador de críticas mais popular há anos. O seu funcionamento é bem simples, ele reúne uma série de críticas, sobretudo de veículos americanos ou ingleses, e determina uma porcentagem de quantos críticos gostaram ou desgostaram do filme. Filmes aprovados por mais de 60% dos críticos são considerados “fresh” ([tomate] fresco) e os com menos do que isso são “rotten” (podre).
A ideia da plataforma é clara: definir quais filmes valem ou não a pena ser vistos. Tudo isso, segundo “a crítica”.
Mas qual é o problema?
O primeiro grande problema do Rotten Tomatoes está em tratar a crítica como uma instituição em que todos pensam igual, ou quase isso. Ao tentar criar um consenso em torno do filme, a plataforma ignora a visão de cada crítico e seus argumentos, e basicamente define que a maioria está certa por ter uma “opinião em comum”, resumida em um textinho de poucas palavras.
O problema é que o método por si só já é bem falho, por dividir o filme em apenas duas possibilidades: aprovado ou desaprovado. Não há espaço para um meio termo, fazendo com que um crítico possa até não ter curtido muito uma obra, mas se ele der nota 6 já é suficiente para o site entender aquilo como positivo e ajudar a aumentar a porcentagem do filme ou série.
Com isso, perde-se o que é a crítica por natureza, defender uma ideia e argumentar sobre ela. Cria-se, então, um método favorável ao mercado, uma crítica padronizada que não fortalece o pensamento crítico, mas existe só para se resumir em um número, uma porcentagem, que define se um filme deve ser visto ou não.
Isso não só vai contra a ética crítica, já que o objetivo de uma crítica não é dizer se um filme vale a pena, mas sim argumentar (o crítico que diz ao público que um filme não vale a pena não está fazendo o seu trabalho direito), mas acaba sendo prejudicial ao próprio público, que pode perder experiências ótimas, enquanto consome algumas que não gosta, tudo por ficar apegado apenas àquela porcentagem.
Além disso, outro problema gigantesco da plataforma é se vender como “a crítica”, mas reunir majoritariamente críticos dos Estados Unidos, uma das críticas, em geral, mais fracas e formulaicas do mundo. Por isso, não é incomum um filme ter nota alta no Rotten Tomatoes, mas ter sido amplamente rejeitado em festivais ou por críticas muito mais ricas do que a americana, como, por exemplo, a francesa.
Ou seja, aquela porcentagem está bem longe de representar a visão da crítica mundial. Muitas vezes, não é nem mesmo a dos melhores críticos americanos. Já que há uma aba chamada “top critics” (melhores críticos) no próprio Rotten Tomatoes, em que não raramente tem uma porcentagem bem distinta da porcentagem geral em relação ao filme.
E essa é só uma das muitas funções da plataforma que ficam escondidas, assim como a nota média do filme, um parâmetro muito melhor por serem notas de 0 a 10 e não apenas “gostei” ou “não gostei”, ou as próprias críticas de cada crítico, o que é mais frustrante. O Rotten Tomatoes poderia ser uma ótima plataforma, por reunir diversas críticas e opiniões, mas essas críticas ficam lá embaixo e só quem conhece a plataforma as encontra. A plataforma sempre prefere uma porcentagem rasa a uma argumentação pessoal.
Qual é a solução?
A melhor solução é sempre acompanhar críticos que você gosta da argumentação e que você sabe se o gosto é mais ou menos parecido com o seu. Mas, se você não tem tempo de consumir muitas críticas e só quer saber rapidamente se você deve ou não gostar de um filme antes de comprar o ingresso, a melhor opção é o Letterbox.
Esse site/app é usado majoritariamente por quem ama cinema e quase todos os críticos postam suas notas e críticas lá. Com isso, você pode seguir cinéfilos ou críticos de diferentes opiniões ou de gostos mais parecidos com a seu, e aí ver mais ou menos a nota que cada um deu para o filme, um indicativo muito melhor, já que você vai conhecer àquelas pessoas, os seus gostos e se assemelham mais ou menos com o seu.
Veja o meu vídeo abaixo fazendo uma análise completa sobre os problemas do Rotten Tomatoes: