“Wandavision” acompanha Wanda e Visão dentro de um domo, o Hex, vivendo uma vida perfeita no padrão sonho americano em uma sitcom.
A série está disponível no Disney+.
Uma diferente obra do MCU
Como continuar um universo cinematográfico depois de “Vingadores: Ultimato”, um filme com cara de fechamento para obras lançadas durante 11 anos? Para essa pergunta, a resposta é “Wandavision”. A série consegue ser aquilo que o fraquíssimo “Homem-Aranha: Longe de Casa” não foi capaz de ser, um fôlego novo para trazer os fãs de volta para um universo com cara de encerrado. Ao mesmo tempo, fica claro que a Marvel usará suas séries para dar mais espaço aos personagens que sempre foram deixados de lado, algo necessário tanto para a Feiticeira Escarlate quanto para o visão.
Isso porque em um Universo muitas vezes criticado por ter apenas uma forma de contar história, o que acaba gerando uma certa saturação em filmes secundários, “Wandavision” surge como uma obra com maior personalidade, com um jeito próprio de construir o seu mundo. Não à toa, aquilo que vemos fora do Hex parece muito mais MCU do que a sitcom lá de dentro. Assim, a série consegue dar forma a uma narrativa que ao mesmo tempo é particular e funciona dentro da lógica de filmes da Marvel. Sua singularidade não surge como ruptura, mas apenas como uma nova alternativa. Espero que a Marvel siga utilizando o Disney+ para testar projetos parecidos com personagens com menos espaço no cinema.
Dessa forma, vemos uma realidade alternativa forjada pela própria Wanda e funcionando sob uma lógica de sitcom avançando ao longo do tempo, o que nos faz viajar por diversas referências e homenagens às séries clássicas de comédia. Só que tudo isso acaba funcionando pelo simples fato da Feiticeira ser capaz de criar novas realidades. E a sitcom ganha um sentido ao revisitarmos o passado de Wanda sob uma nova lógica, um retcon inteligente para sugerir a presença dos mutantes naquele universo (agora que os X-Men são da Disney), que acaba funcionando também dramaticamente para conhecermos mais sobre o passado dela, algo necessário em uma obra focada no luto e a impossibilidade de seguir em frente de um dos seres mais poderosos do planeta.
Teorias, teorias… apenas teorias
Mas é impossível falar da série sem se divertir com as milhares de teorias que surgiram a partir da série. Mephisto, Pesadelo, Quarteto Fantástico, X-Men e Doutor Estranho foram alguns dos nomes mais especulados. E não dá para negar que a Marvel se divertiu um pouquinho fazendo os fãs acreditarem que pistas estavam sendo deixadas. Um bom exemplo é a escolha de Evan Peters para viver o novo Pietro, que na verdade não tem nada de Pietro, o que gerou alvoroço na internet, pois o ator interpretou o Mercúrio nos X-Men da Fox. Outro exemplo foi a citação a demônios, levando os fãs a acreditarem na presença de Mephisto. E como esquecer do caso da astrofísica? Bom, vou parar por aqui…
Entretanto, a verdade é que a série nunca se propôs a entregar tais teorias. Pelo contrário, “Wandavision” sempre foi pensada como uma forma original de trabalhar o luto de uma personagem que tanto sofreu. E isso funciona muito bem! Porém, é inegável que, apesar de fechar suas pontas soltas e se fechar em si mesma, a série abre espaço para alguns elementos serem explorados mais para frente no universo, como no próximo filme do Doutor Estranho, por exemplo.
No fim, a primeira minissérie do Disney+ é exatamente aquilo que a Marvel precisava para seguir com seu universo, algo que pertence ao MCU, mas ao mesmo tempo apresenta uma inovação de linguagem. Sinceramente, eu nunca esperava um mockumentary dentro de uma obra da Marvel e isso foi muito satisfatório.
Nota: 8.0
Assista ao trailer:
Ficha Técnica:
Título original: Wandavision
Data de lançamento: 05 de março de 2021
Elenco: Elisabeth Olsen, Paul Bettany, Evan Peter, Kathryn Kahn
Gêneros: Super-herói, Fantasia
Nacionalidade: EUA
