Assista ao trailer do episódio 8 de “Westworld”:

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Construção boa e só

“Westworld” fecha a terceira temporada da forma como vinha se desenhando, com respostas insuficientes e previsíveis. O terceiro ano até começou bem, com a apresentação de um mundo novo, conceitos interessantes, uma inteligência artificial controlando a humanidade e ideia de livre-arbítrio ganhando espaço mais uma vez. Porém dentro de toda ambientação se deve escolher uma história menor para ser contada e é aí que a série começou a falhar.

Desde o terceiro episódio, o universo já estava estabelecido e sabíamos exatamente qual era o conflito central. Entretanto, sem nenhum motivo justificável, a temporada fez questão de estender esse duelo “Team Dolores” x “Team Serac” até o último capítulo, preenchendo o meio do caminho com uma enrolação barata e com várias cenas de ação que levavam nada a lugar nenhum. O melhor exemplo disso é o duelo entre Maeve e Dolores, no episódio 7, que terminou com as personagens exatamente igual começaram.

E é inegável que a série se aceitou como uma obra de ação, abandonando quase que completamente a ficção científica e o lado filosófico que eram a sua identidade. Tudo com o objetivo de torná-la mais divertida, nas busca por aumentar o seu público. Mas a escolha foi um tiro no pé, trazer um reboot na terceira temporada com um roteiro totalmente problemático não só não atraiu novos espectadores como afastou boa parte dos que a acompanhavam desde o início.

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Personagens e conclusão

Todavia pior do que as diversas facilitações narrativas, cenas ou até episódios inteiros que não agregaram quase nada para a trama e a perda de unidade ao tentar se refazer, foi o desenvolvimento dos personagens, uma das marcas da série até então. O debate filosófico que Westworld sempre teve foi graças a personagens bem construídos que nos faziam ver máquinas como se fossem humanos (ou até mais humanos do que os próprios humanos).

Porém a terceira temporada fez questão de ignorar por completo o arco de seus protagonistas. E, sem bons personagens, Westworld jamais vai funcionar. Os sempre interessantes Dolores, Maeve e Bernard se tornaram personagens unilaterais com motivações no mínimo questionáveis. Charlotte/Dolores sugeria uma evolução interessante até abruptamente se transformar em algo completamente diferente.

William foi o que mais sofreu ao perder a complexidade das outras temporadas e com uma simples informação nova se tornar apenas uma encarnação do mal. E os novos Caleb e Serac passaram a temporada inteira conhecendo seu passado e futuro para no final descobrirmos que se tratavam de personagens extremamente rasos.

Então, sem desenvolvimentos minimamente satisfatórios de personagens e narrativa, a série trouxe resoluções que surgiram do nada para conseguir fechar parte de uma história que não teve qualquer tipo de construção. O último episódio foi um “É sério que é isso?!” atrás do outro, o que nunca é um bom sinal.

Detalhe, Ewan Rachel Wood deve deixar a série e passar o bastão para Aaron Paul. O problema é que Dolores era de longe a personagem mais interessante da série, enquanto Caleb era um seguidor de ordens sem desenvolvimento que descobre no último minuto que é um líder, sem uma construção decente para isso. Vai ser uma grande perda para a obra.

Crítica em vídeo:

Assista abaixo à crítica em vídeo que eu fiz sobre o episódio em meu canal, o 16mm.

Ficha Técnica:

Título original: Westworld
Data de lançamento: 15 de março de 2020
Criação: Lisa Joy e Jonathan Nolan
Elenco: Evan Rachel Wood, Aaron Paul, Thandie Newton mais
Gêneros: Ficção científica, futuro distópico
Nacionalidade: EUA