Muhammad Ali (1942-2016) foi por três vezes campeão de boxe na categoria peso pesado, é um ícone cultural internacional e considerado como “O Desportista do Século” pela revista americana Sports Illustrated em 1999.
Antes de tornar-se o superstar mais amado do mundo, Muhammad Ali era conhecido por Cassius Marcellus Clay, de Louisville, Kentucky. Depois de vencer a medalha olímpica de pesos pesados em 1960, Clay virou profissional e começou a chamar a atenção por prever em que round iria derrubar seus oponentes, por recitar poesias que ele mesmo fazia e por ser um principiante chato e metido que nunca calava a boca. Foi isso que lhe valeu o apelido ‘Louisville Lip’ (“Boca grande de Louisville”). Seu estilo no boxe era nada ortodoxo, pois ele mantinha as mãos abaixadas, desviava dos ataques recuando em vez de fintando, e ‘dançava’ no ringue. Era um peso pesado que se movimentava como peso leve. Os conservadores não gostaram. Mesmo assim, em 1964 Clay já havia alcançando a chance de lutar com o campeão dos Pesos Pesados, Sonny Liston.
Mas Clay era rápido e ardiloso demais para Sonny, que não estava preparado para os jabs relâmpago que lhe surraram a cara. Clay espancou o outro pelos primeiros quatro rounds, até que aconteceu algo estranho. Perto do fim do quarto round, Clay começou a ter um problema nos olhos. Um pouco do cicatrizante que os auxiliares de Liston haviam usado em seus cortes haviam ficado nas luvas de Clay, e ele coçou os olhos sem querer (essa é a principal teoria; há quem diga que foi Liston quem colocou o cicatrizante nos olhos de Clay). Depois do quarto round, Clay, abatido, disse ao treinador Angelo Dundee que não conseguia enxergar e que era para ele cortar as luvas porque a luta tinha acabado. Por sorte, Dundee disse para ele ficar quieto e sentado, lavar os olhos e voltar no round seguinte. O olho de Clay acabou melhorando e ele continuou a dominar a luta até chegar ao sétimo round, quando Liston sentou-se no banco, cuspiu o protetor bucal e recusou-se a fazer o oitavo. A luta havia terminado, Liston era o primeiro campeão a desistir no banco em 45 anos e, aos 22, Cassius Clay era o Campeão dos Pesos Pesados mais jovem do Mundo.
Foi só o início da lenda de Ali.
Poesia completa:
Esta é a lenda
De Cassius Clay,
O lutador mais bonito,
Mais parece rei.
Ele fala um montão,
Com orgulho na voz,
De um soco forçudo
Que é superveloz.
O mundo do boxe era muito chato. Se o campeão era Liston, já era esperado.
Então veio alguém com estilo e proposta que surgiu para os fãs pra ser grande aposta.
Este jovem lutador é puro desatino e o título dos pesados está no seu destino.
O garoto é ótimo,
É rápido e intimida,
Mas, para lutar com ele,
Melhor ter seguro de vida.
Se eu aposto no três
É no terceiro que acaba.
Não duvide de mim,
Sou homem de palavra.
Direita ou esquerda,
Vem como um açoite.
Se acertar uma vez,
Pode dar boa noite.
Quando estiver no chão
E o juiz fizer a contagem,
Reze para não me enfrentar mais
Ou vai perder outra viagem.
Ave Maria, cheia de graça…
Faço a previsão
E já sei o resultado:
Vou ser campeão do mundo
Em sessenta e quatro.
Sim, eu sou o cara
De quem fala este poema.
Vou ser campeão do mundo,
Não vejo problema.
“Eu sou o maioral!”