Se tem uma coisa que nos dá satisfação é falar sobre o cinema nacional aqui no blog. E com a chegada do final de ano, resolvemos reunir alguns filmes brasileiros de terror para curtir junto com os amigos, afinal, existem opções bastante originais capazes de representar a diversidade regional que temos em um país tão amplo como o nosso, além de destacar elementos marcantes da nossa história, como a escravidão.

Cada vez mais forte em dramas e, principalmente, nas comédias, o cinema brasileiro tem se arriscado nesse outro gênero que agrada a muita gente. Por isso, tem sido comum ver diretores misturando o bom e velho terror com outras propostas bastante interessantes. Portanto, confira algumas opções de filmes brasileiros de terror para curtir no final do ano com os amigos. Nomes como “Quando Eu Era Vivo”, de 2014, e “Canto dos Ossos”, de 2020, estão na lista.

QUANDO EU ERA VIVO (2014)

Júnior (Marat Descartes) volta a morar com a família depois que perdeu o emprego e se separou da esposa. Ao chegar na casa que um dia já fora seu lar, ele se sente um estranho e passa seus dias no sofá do velho Sênior (Antônio Fagundes) remoendo a separação, o desemprego e sonhando com a jovem inquilina Bruna (Sandy). Após achar alguns objetos que pertenciam à sua mãe, Júnior passa a querer saber tudo sobre a história da família e desenvolve uma estranha obsessão pelo passado, passando a confundir delírio e realidade.

O RASTRO (2017)

João Rocha (Rafael Cardoso), um jovem e talentoso médico em ascensão, acaba encarregado de uma tarefa ingrata: supervisionar a transferência de pacientes, quando um hospital público da cidade do Rio de Janeiro é fechado por falta de verba. Quando tudo parece correr dentro da normalidade, uma das pacientes, criança, desaparece no meio da noite, levando João para uma jornada num mundo obscuro e perigoso.

O NÓ DO DIABO (2018)

Há dois séculos, no período da escravidão, uma fazenda canavieira era palco de horrores. Anos depois, o passado cruel permanece marcado nas paredes do local, mesmo que ninguém perceba. Eventos estranhos começam a se desenvolver e a morte torna-se evidente. Cinco contos de horror ilustram a narrativa.

O SEGREDO DE DAVI (2018)

Davi (Nicolas Prattes) é um jovem voyeur, que adora filmar os outros sem ser percebido. Um dia conhece Jonatas (André Hendges), mais velho que ele, que está na mesma turma da faculdade por cursá-la como eletiva, para o mestrado. Davi sente um estranho fascínio pelo novo colega e, após uma conversa macabra, decide ele mesmo eliminar pessoas que considera dispensáveis. Sua primeira vítima é uma vizinha (Neusa Maria Faro), que mal fala com as pessoas. Ao matá-la, Davi é surpreendido com o súbito reaparecimento dela, revelando que há algo por trás dos atos do agora assassino em série.

MORTO NÃO FALA (2018)

Plantonista de um necrotério, Stênio (Daniel de Oliveira) possui um dom paranormal de se comunicar com os mortos. Trabalhando a noite, ele já está acostumado a ouvir relatos do além. Porém, quando essas conversas revelam segredos sobre sua própria vida, o homem ativa uma maldição perigosa para si e todos a sua volta.

AS BOAS MANEIRAS (2017)

Clara (Isabél Zuaa) é uma solitária enfermeira que vive na periferia de São Paulo até ser contratada pela rica e misteriosa Ana (Marjorie Estiano) como babá de seu filho ainda não nascido. Conforme a gravidez avança, Ana passa a se comportar de maneira cada vez mais estranha com hábitos noturnos que afetam diretamente Clara. Dividindo-se em duas metades, a narrativa de “As Boas Maneiras” combina muitos elementos distintos: estudo de personagens, comentário social sobre as diferenças de classe, discussões acerca de identidade e maternidade e uma abordagem sobrenatural. 

A SOMBRA PAI (2018)

Após a morte de sua mãe, Dalva (Nina Medeiros) se torna responsável por sua casa precocemente aos nove anos de idade. Isso porque a tia Cristina (Luciana Paes) se casou e se mudou e seu pai Jorge (Julio Machado) adoeceu. A partir daí, a menina deixa de lado sua infância para cuidar do pai, enquanto busca preservar as memórias da mãe ou até mesmo encontrar um meio de revê-la. Ao longo de sua carreira como roteirista e realizadora de curtas metragens, Gabriela Amaral Almeida se envolveu bastante com o terror. Em “A Sombra do Pai”, a diretora propõe uma experiência sensorial sugestiva e intimista a partir da ideia de que pessoas vivas podem estar mortas por dentro. Através da estética discretamente opressiva e das atuações de Nina Medeiros e Júlio Machado, o filme nos deixa inquietos imaginando e sentindo aquele cenário de luto mal trabalhado e incomunicabilidade familiar.

A MATA NEGRA (2018)

Em uma floresta do interior do Brasil, a jovem Clara (Carol Aragão) vê sua vida se transformar terrivelmente quando encontra o Livro Perdido de Cipriano. Ela tenta usar a Magia Sombria contida nele para salvar um jovem por quem se apaixonou, mas o resultado é totalmente outro. Os rituais existentes no livro liberam um mal, que persegue Clara e qualquer pessoa que cruza seu caminho. Rodrigo Aragão é uma das referências no cinema brasileiro de terror contemporâneo, superando com criatividade limitações de financiamento ou de distribuição. O autor oferece em “A Mata Negra” uma bela demonstração de seu amor pelo gênero e pelo cinema em geral: efeitos práticos, uso preciso do trash, combinação de estilos diversificados, abordagens cômicas e progressão intensa da trama. Além disso, cria um universo autoral de grande brasilidade a partir de lendas regionais e elementos da cultura popular brasileira.

CANTOS DOS OSSOS (2020)

Em uma cidade litorânea do Nordeste, duas vampiras se reencontram após algum tempo separadas. Cada uma delas seguiu rumos diferentes em suas vidas: uma se tornou professora de Ensino Médio, enquanto a outra vive caçando presas à noite. Esse é o ponto de partida para uma narrativa que se divide em subtramas sempre com um tom de mistério fantástico. “Canto dos Ossos” vem gerando muitos debates no circuito de festivais por onde passou, sendo exibido na Mostra Tiradentes de Minas Gerais e no Olhar de Cinema de Curitiba em 2020. O filme cearense dirigido por Jorge Polos e Petrus de Bairros demonstra a criatividade do cinema brasileiro independente em contar uma história de terror cheia de experimentações: no campo estético experimenta com decisões ousadas de fotografia, som e montagem; no campo temático trabalha o erotismo de forma bastante expressiva e simbólica.

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