“Cobra Kai” conta a história de Johnny Lawrence mais de 30 anos após sua derrota para Daniel Larusso. Ele resgata sua equipe de caratê para treinar o jovem Miguel, que sofre bullying na escola.
O filme está disponível na Netflix.
Uma diversão oitentista
“Cobra Kai” segue abraçando tudo que os anos 80 tem de melhor e pior. Definitivamente essa não é uma série para se valorizar a “produção cinematográfica” ou a profundidade dos personagens e diálogos. Por sorte, a obra tem total consciência disso, e cria sua essência por meio da nostalgia. Não á toa, as melhores cenas seguem sendo aquelas que envolvem os conflitos físicos ou verbais entre Johnny Lawrence e Daniel Larusso. Além disso, o terceiro ano vai mais a fundo na proposta oitentista e na mitologia de “Karatê Kid”.
John Kreese finalmente se transforma no grande vilão da série, assim como já tinha sido anteriormente na franquia, enquanto novos personagens do segundo e do terceiro filme são resgatados para entrelaçar ainda mais esses universos. Assim, a obra demonstra não ter vergonha dos piores longas da franquia e os utiliza para benefício próprio, o que está longe de causar qualquer incômodo.
Entretanto, o terceiro ano consegue superar os seus dois predecessores ao investir em um desenvolvimento mais à longo prazo, tanto para os personagens quanto para os acontecimentos da história. Algo que me incomodava muito nos dois primeiros anos era como os personagens mudavam de motivação a todo instante e sem nenhuma razão bem estabelecida, assim como eventos importantes eram rapidamente deixados de lado. Ainda que em alguns momentos esses problemas ainda apareçam, como na decisão de Robby ou na falta de consequência para as atitudes do Hawk, no geral, a temporada consegue estabelecer conflitos pessoais que permanecem durante todos os 10 episódios. Não só isso, os eventos do final do segundo ano apresentam consequências sérias aqui também.
Dessa forma, a temporada consegue lidar bem com os conflitos pessoais de Johnny (seguindo sua jornada de redenção e tentando se aproximar do Miguel novamente), Daniel (olhando para o passado e aprendendo com ele para melhor o seu futuro), Sam (aprendendo a lidar com seu medo), Miguel (lutando para voltar a andar e lutar), entre outros. Além disso, a aparição de Aly adiciona mais um pouco aos dois personagens centrais, ao fechar uma ferida aberta do passado, além de render bons momentos de humor.
Talvez o grande problema do roteiro seja querer adicionar um passado para Kreese, tentando mostrar como ele um dia foi bom. O problema é que esses flashbacks, além de mal encenados, chegando a parecerem uma fanfic da própria série, acabam por repetir mais uma vez a história do garoto que sofre bully e aprende a lutar por isso. Nada disso é convincente e nem agrega à história positivamente.
Mas, no geral, “Cobra Kai” Segue sendo aquela diversão oitentista com personagens carismáticos e um roteiro operante que a gente está acostumado. Uma daquelas séries que a gente fecha os olhos para os problemas e se conecta facilmente com a história ao maratoná-la sem qualquer problema.
Nota: 7.0
Assista ao trailer:
Ficha Técnica:
Título original: Cobra Kai
Data de lançamento: 01 de janeiro de 2021
Elenco: William Zabka, Ralph Macchio, Martin Kove, Xolo Maridueña
Gêneros: Comédia, Ação
Nacionalidade: EUA