“Space Jam 2: Um Novo Legado” acompanha Lebron James tentando salvar o seu filho da inteligência artificial que os raptou. Para isso, ele precisará vencer uma partida ao lado dos Looney Tunes contra o time do seu próprio filho.
O filme está disponível no catálogo da Netflix.
Pior filme do ano?
Uma sequência de um filme razoável, mas popular, dos anos 1990, com um dos grandes astros do esporte mundial e mais de U$150 milhões de dólares de orçamento. Tem cara de caça-níquel, certo? E é definitivamente isso que é “Space Jam 2: Um Novo Legado”. Como outros blockbusters que adotaram a mesma prática, fica claro que o longa nem sequer tem uma história para contar. É o tradicional desrespeito de grandes estúdios para com o cinema e com o público a fim de ganhar dinheiro fácil.
Ainda que tenha uma linha narrativa bem básica, o filme aposta quase que 100% na nostalgia e nas referências, em uma tentativa clara de mascarar os problemas do roteiro. Só que, ao assumir desde o início que tudo aquilo se passa dentro da própria Warner, o que poderiam ser easter eggs até legais se bem utilizados (como “Jogador Nº1” fez) se torna apenas uma autopropaganda. É o estúdio falando para o público “olha como eu sou bom e tenho vários personagens e franquias populares”.
Só que “Space Jam 2” não é apenas uma autopropaganda da Warner como uma propaganda para o seu protagonista, Lebron James. Reconhecendo a inabilidade do jogador de atuar logo no início com a linha de diálogo “Atletas quando atuam não dá certo”, o filme não tem vergonha nenhuma em vender o atleta como um deus na terra, ao invés de construir um personagem minimamente interessante. E se isso até acontecia no primeiro filme, aqui tudo se torna ainda mais descarado, ao não só explorá-lo como figura paterna (ainda que sua esposa e filhos no filme não sejam os mesmos da vida real). Na obra, Lebron é um ser humano quase perfeito que tem como único problema querer que os filhos sigam seus passos, não dando muita atenção assim para os sonhos deles (se esse não é o maior clichê da história do cinema, está bem próximo disso).
Então, o longa mergulha Lebron no mundo digital do fraquíssimo vilão, vivido por Don Cheadle, em uma das piores e mais caricatas atuações de sua carreira, apenas como desculpa para a interação entre o atleta e os looney tunes. Sem nenhuma linha de desenvolvimento minimamente relevante, o filme fica pulando de desenho em desenho apenas a fim de explorar todos personagens que a Warner teve ao longo dos anos. Pelo menos o longa de 1996 era mais honesto ao ser direto e valorizar a partida, que deveria ser o foco de qualquer Space Jam.
Já “Space Jam 2” não tá nem aí para a partida de basquete, o único objetivo real é cercar o longa de referências, piadinhas tolas, easter eggs e autopublicidade. Talvez a única coisa que funcione em todo o longa são alguns momentos como animação 2d. Mas até isso o filme abandona em prol de uma “evolução ao realismo”, rejeitando os próprios looney tunes originais para transformá-los em bonecos 3d de CGI.
Fica a impressão que o roteiro, escrito por seis pessoas, e a direção, que teve Malcolm D. Lee assumindo após o primeiro diretor ser demitido, não tinha ninguém se conversando. Além de uma vergonha alheia sem fim, o longa é uma bagunça inacreditável. E isso só piora quando a direção faz questão de filmar todas as cenas como se fosse mesmo um comercial de televisão, nem tentando esconder o teor publicitário do filme. Parece até que é dirigido e montado pelos executivos do estúdio.
Poucos meses após o fraco “Tom & Jerry – O Filme”, a Warner volta a errar (dessa vez ainda pior) na mistura entre live action e animação. Mas o problema não está no formato e, sim, na priorização das referências ao invés do roteiro. São filmes como esses que me fazem não ver um fim para a falta de criatividade de Hollywood.
Nota:
Assista ao trailer:
Ficha Técnica:
Título original: Space Jam: A New Legacy
Data de lançamento: 16 de julho de 2021
Direção: Malcolm D. Lee
Elenco: Lebron James, Damian Lillard, Don Cheadle, Klay Thompson
Gêneros: Terror
Nacionalidade: EUA