“Ghostbusters – Mais Além” acompanha a jovem Phoebe, que é obrigada a se mudar com sua mãe e seu irmão para a fazenda de seu falecido avó. Mas, ela não imaginava que este era um caça-fantasma.
O filme está disponível nos cinemas.
O orgulho de ser nerd
“Ghostbusters – Mais Além” é mais do que apenas um filme nostálgico sobre os anos 80, é uma defesa do quão divertido é ser nerd.
Após a franquia fracassar nas bilheterias ao tentar retornar em 2016 (em parte pelo machismo de fãs que não aceitavam mulheres com protagonismo, em parte pelas próprias deficiências do filme), “Os Caça-Fantasmas” tentam reatar o elo com os fãs ao apostar na nostalgia e um olhar para o passado.
Só que longe de ser um filme que usa a referência apenas como referência, com exceção a alguns momentos (por exemplo, o professor passando filmes de terror dos anos 80 para os alunos), como boa parte das obras atuais fazem surfando na onda do sucesso de “Stranger Things”, o novo título da franquia é uma defesa da normalidade e até diversão em ser nerd.
Dessa forma, o filme estabelece personagens em alguns espectros do tema, os nerds, os “anti-nerds” e os que ficam no meio-termo. Sem precisar recorrer a um discurso mais evidente ou clichês do aluno malvadão bully, o longa traz na figura da mãe Callie (Carie Coon), uma pessoa bondosa e que tenta cuidar dos filhos como pode, a representação de quem viveu em uma época em que ser nerd era algo “inferior”.
Então, sem ironizar a filha (Mckenna Grace), Callie se preocupa com Phoebe e acredita que ela não será aceita como é: uma nerd. Mas, pelo contrário, Phoebe se enturma facilmente, não sofre qualquer tipo de bullying e ainda tem seu professor nerd como uma figura que posteriormente ajudará a mãe a rever os próprios conceitos.
A mensagem então, ainda que sutil, é a de que em 2021 é legal ser nerd. Ou até mais do que isso, que sempre foi legal ser nerd, mas só agora eles são aceitos, a ponto de poderem fazer suas piadas e gerar risos nos demais ou ter apoio de “não-nerds”, como o irmão e a namorada dele, na hora de salvar o mundo. Isso se torna ainda mais claro quando duas gerações se encontram e uma bela homenagem é feita ao já falecido Harold Ramis.
Dessa forma, as referências deixam de ser easter eggs e se tornam elementos centrais no filme. Quase como se os jovens devessem descobrir esse passado nerd. E Jason Reitman (filho de Ivan Reitman, diretor dos primeiros longas da franquia) cria um jogo de mistério antes de cada descoberta, valorizando a importância de cada elemento, como o carro, as armadilhas, os fantasmas e por aí vai.
É bem verdade que na tentativa de homenagear a franquia enquanto criava algo novo para essa gerações, o longa acaba privilegiando o passado, sobretudo na escolha final de reunir alguns personagens em torno do problema a ser resolvido, ou até mesmo na cena pós-créditos. O que vai funcionar para a maioria dos fãs da franquia, mas talvez sabote um pouco a identidade dessa nova geração.
No fim, Jason Reitman prova conhecer aquele universo, dá personalidade às referências, valoriza a figura do nerd e entrega uma divertida aventura de origem, já que é um filme muito mais sobre as descobertas do que necessariamente sobre caçar os fantasmas.
Nota:
Assista a minha crítica em vídeo:
Assista ao trailer:
Ficha Técnica:
Título original: Ghostbusters – Afterlife
Data de lançamento: 18 de novembro de 2021
Direção: Jason Reitman
Elenco: Mackenna Grace, Finn Wolfhard, Paul Rudd, Carrie Coon
Gêneros: Aventura, comédia
Nacionalidade: EUA