“The Witcher – 2ª Temporada” dá sequência aos eventos do primeiro ano e traz agora Ciri treinando em Kaer Mohen, enquanto é procurada por todos os reinos.
A série está disponível na Netflix.
Encontrando sua essência
Com investimento muito maior e narrativa linear, “The Witcher” encontra sua cara na segunda temporada, ainda que as múltiplas histórias simultâneas e o formato de maratona não ajudem.
Como é comum em toda adaptação, a segunda temporada de “The Witcher” tem que fazer algumas mudanças em relação à obra original. Parte disso se dá porque os livros são quase inteiramente focados em Geralt e Ciri, reservando apenas umas poucas linhas para os personagens secundários.
Sabendo disso e não querendo abrir mão da vastidão desse universo, que vai além da relação paterna e aborda questões políticas, fantasiosas, sociais e de destino, a criadora da série, Lauren Schmidt, insere todos esses elementos em narrativas simultâneas. Assim, ela abraça uma grande gama de personagens e elementos importantes da obra original, ao mesmo tempo que usa a montagem para tornar a série “maratonável”.
É bem verdade que isso sacrifica um pouco da construção mais lenta que a série pedia para algumas relações, assim como a montagem muitas vezes rompe cenas em seu ápice dramático, escolha de linguagem que está para lá de ultrapassada no audiovisual. Entretanto, isso se dá muito mais por uma razão comercial do que artística. “The Witcher” clama por episódios semanais, mas é obrigado a acelerar e encurtar suas temporadas para o público assistir tudo de uma vez. Está na hora da Netflix repensar essa forma de lançamento para a série.
Porém, apesar desse problema pontual, no restante, a segunda temporada melhora e muito a primeira. Finalmente Schmidt consegue dar a sua cara à obra, sem nunca desrespeitar a original. Muito disso se dá graças a narrativa linear, fugindo da bagunça que foram os contos que nos mostravam acontecimentos distantes dentro de um mesmo episódio e que funcionaram apenas para quem já conhecia o material base. É quase como se a primeira temporada tivesse sido um “problema necessário”, servindo como introdução de muitos elementos que voltam a ser importante no segundo ano, mas permitindo agora à série desacelerar um pouco e situar o público.
É bem verdade que o aumento de investimento da Netflix ajudou e muito ao segundo ano, tornando mais crível todo o trabalho estético e de composição de cena. Figurinos, design de produção, CGI, fotografia agora fazem daquele mundo algo vivo, e não como em passagens da primeira temporada, sobretudo o ocorrido em Brokilon, que mais pareciam uma novela da Record de tão artificial.
Além disso, os atores demonstram agora entender melhor os personagens e com mais tempo de desenvolvimento, finalmente somos capazes de ver a Ciri, o Geralt e a Yennefer dos livros presentes na série, enquanto no primeiro ano o único que já tinha encontrado a essência do original era o Jaskier de Joey Batey.
Dessa forma, “The Witcher” encontra seu rumo, sabe o que alterar do material base e só não se torna mais marcante porque ainda fica amarrada a um formato de narrativa-maratona que impossibilita o desenvolvimento no ritmo que a série pede. E as cenas de ação são algumas das melhores que vi nos últimos anos.
Nota:
Assista a minha crítica em vídeo para o Canal 16mm:
Assista ao trailer:
Ficha Técnica:
Título original: The Witcher
Data de lançamento: 17 de dezembro de 2021
Elenco: Henry Cavill, Freya Allan, Anya Chalotra
Gêneros: Ação, Fantasia
Nacionalidade: EUA