“Star Wars IX: A Ascensão Skywalker” finaliza a saga Skywalker no cinema e traz de volta os personagens Rey, Finn, Poe e Kylo Ren.
Estúdio submisso
A Disney não chegou onde chegou apresentando projetos autorais e mostrando uma vasta diversidade criativa. O fato do estúdio ser hoje o maior de todos é justamente a consequência de décadas fazendo obras para agradar aos fãs, sempre com classificação indicativa livre para atingir mais pessoas e com pouquíssimos projetos realmente arriscados.
Entender o estúdio é fundamental para compreender o fracasso de “Star Wars IX: A Ascensão Skywalker”. O longa sucede “Star Wars VIII: Os Últimos Jedi”, de Rian Johnson, um dos melhores Star Wars da história e o primeiro a quebrar o maniqueísmo deste universo. Porém, por ser mais ousado do que o resto, o longa acabou sendo aclamado pela crítica, mas destruído por boa parte dos fãs.
Dessa forma, a Disney decidiu repensar o rumo que estava levando ao invés de apostar no seguimento daquela ideia mais arriscada. E a solução encontrada pelo estúdio foi trazer de volta o diretor J.J. Abrams, um cara conhecido por trabalhar a nostalgia e muitos fan services, algo que funcionou em “Star Wars VII: O Despertar da Força” ao trazer de volta o espírito Star Wars para os fãs.
Mas aquele era outro momento. Agora não era hora de trazer um diretor com um formato extremamente conservador e padronizado para dirigir o longa que fecha todo esse gigante universo. Era a hora de ousar, de ser épico e fechar aquelas ideias diferentes apresentadas nos Últimos Jedi. Infelizmente, não foi o caso.
Fan services e nada mais
J. J. Abrams, sem nenhuma cerimônia descarta praticamente tudo o que foi apresentado em seu predecessor. Os arcos dos personagens são mudados, conceitos que levaram um longa inteiro para serem estabelecidos são jogados fora e a ousadia é substituída por fan services gratuitos.
Trata-se de um roteiro e uma direção sem alma, que compra o genérico para ter mais chance de lucrar nas bilheterias. É a prova de um cinema que se aceita como produto comercial sem vergonha alguma.
Se as escolhas visuais funcionam, como vem acontecendo desde o primeiro filme da saga (com exceção aos prequels), o mesmo não pode ser dito da narrativa.
É uma história que atira para todos os lados para tentar acertar algum, usa a “força” como mera desculpa para escancarar conveniências e facilitações narrativas, apresenta personagens aos 45 do segundo tempo e ainda pede que o público goste deles, e, o mais importante, tenta esconder todas essas fragilidades com referências gratuitas ao universo.
A lógica é simples: vamos colocar fan services, pois assim o público fica empolgado e sai do cinema feliz, ignorando as diversas escolhas covardes que o filme faz. É um longa que não tem nem vergonha de chamar o fã de trouxa e lucrar com isso.
Porém, na tentativa de agradar aos fãs, o que J. J. Abrams faz é revoltar ainda mais ao público. Tanto aqueles que gostaram do Episódio VIII, quanto os que o odiaram.
Nota: 4.0
Crítica em vídeo:
Assista abaixo à crítica em vídeo que eu fiz sobre o longa em meu canal, o 16mm.
Assista ao trailer:
Ficha Técnica:
Título original: Star Wars: Rise of Skywalker (Star Wars: A Ascensão Skywalker)
Data de lançamento: 19 de dezembro de 2019 (2h 22min)
Direção: JJ Abrams
Elenco: Daisy Ridley, Adam Driver, Oscar Isaac, mais
Gêneros: Fantasia, Aventura
Nacionalidade: EUA