“A Máfia dos Tigres 2” segue os eventos da primeira temporada, agora com Joe Exotic na prisão tentando provar inocência e Carole Baskin investigada.
A série está disponível no catálogo da Netflix
Nada de novo a dizer
Sem nada a dizer, a segunda temporada de “A Máfia dos Tigres” apela para declarações tendenciosas, teorias da conspiração e valorização da desinformação, tudo em prol do sensacionalismo que dá audiência.
Como todo bom filme que faz sucesso inesperadamente com o público e se torna uma franquia repleta de sequências vazias, a Netflix percebeu na excentricidade caótica e perigosa de disputa entre Joe Exotic e Carole Baskin uma possibilidade de manter a audiência.
Só que, diferente da série ficcional em que é permitido criar qualquer coisa, esta é uma produção documental e a vida real nem sempre anda no ritmo em que Hollywood deseja. Ou seja, não há como inventar fatos, o documentário é refém da realidade. Então, se a primeira temporada nos apresentou um mundo maluco que nem conhecíamos e uma disputa com possíveis tentativas de assassinatos, transformando os animais em meros brinquedos nas mãos de seus donos, a segunda não tem esses fatos marcantes para revelar e recorre a mostrar versões sobre possíveis acontecimentos.
Dessa forma, a série retorna aos fatos mais bombásticos e comentados da primeira temporada: as possibilidades de Carole ter assassinado o ex-marido e de Joe ser inocente e nunca ter mandado matar sua rival. O problema é que a única informação nova para um desses casos só aparece faltando 10 minutos para acabar a temporada.
No restante, temos uma pequena pincelada da misoginia nas reações ao primeiro ano, com direito a Joe ser tratado como herói e Carole ameaçada de morte quase diariamente, o que é interessante ser mostrado. Mas, principalmente, vários novos personagens dando declarações super tendenciosas, enquanto a série tenta desvendar crimes em que é incapaz de solucionar, já que aqueles que os investigam guardam as informações à sete chaves.
O pior de tudo é que a produção até tenta ironizar a cultura da internet atual, em que todos acham que sabem tudo, a ponto de se transformarem em detetives virtuais. O problema é que no final, ao visar uma possível imparcialidade, o que a série faz é trair o próprio discurso e abrir espaço para teorias da conspiração, afirmações sem prova, discursos de ódio e tudo que tem de pior nas redes sociais.
Una isso ao fato de Joe estar preso e ter apenas umas poucas participações e Carole ter se recusado a participar por conta da forma como foi retratada no ano anterior. Além da falta de história a ser contada e da pseudo investigação, nem sequer temos os dois personagens centrais e os momentos protagonizados por eles.
Fica claro então que o segundo ano de “Máfia dos Tigres” se entrega ao sensacionalismo barato, sem muito de novo a apresentar daquele mundo interessantíssimo. O comercial claramente falou mais alto e eles não foram capazes de esperar essas investigações e julgamentos se desenvolverem, já que isso pode levar anos. O único problema é que documentário não é ficção, não se é possível fazer a verdade realizar os seus desejos quando você quer.
Nota:
Assista ao trailer:
Ficha Técnica:
Título original: Tiger King
Data de lançamento: 17 de novembro de 2021
Elenco: Joe Exotic, Carole Baskin
Gêneros: Documentário, true crime
Nacionalidade: EUA