Adoráveis Mulheres conta a história das irmãs Jo (Saoirse Ronan), Beth (Eliza Scanlen), Meg (Emma Watson) e Amy (Florence Pugh) amadurecendo na virada da adolescência para a vida adulta enquanto os Estados Unidos atravessam a Guerra Civil. Com personalidades completamente diferentes, elas enfrentam os desafios de crescer unidas pelo amor que nutrem umas pelas outras.

“Adoráveis Mulheres” de novo?

Como contar uma história que já apareceu sete vezes no cinema? E se essa história for conhecida por todo mundo nos EUA? A tarefa de “Greta Gerwig” (Lady Bird) estava longe de ser a mais fácil do mundo. Em uma Hollywood que não cansa de fazer remakes e sequências desnecessárias, achar um desses que realmente tem algo a dizer é raro, mas Greta conseguiu. E por uma razão muito simples: ela sabia a história que queria contar, como queria contar e nunca tratou seu filme como mero produto comercial.

Então, ela trouxe a história original e adaptou de uma forma bem pessoal. Primeiro, o protagonismo é tirado por completo das quatro irmãs e é escolhida Jo (Saoirse Ronan) como principal. A partir daí, ela cria um personagem forte, destemida e que luta pela liberdade acima de tudo, valores que Greta acredita e já tinha trazido em sua obra de estreia na direção, Lady Bird.

Porém em nenhum momento a diretora e roteirista abandona as demais irmãs. Apesar de conter uma protagonista, a estrutura da narrativa se dá a partir da relação entre todas elas. Pois o tema central vai além da liberdade, ele vai trazer as diversas visões de mundo e as diferentes mulheres. Mesmo criadas pela mesma mãe (já que o pai está na guerra), sob o mesmo teto e compartilhando as mesmas companhias, cada uma delas é singular.

Não há problema em Meg (Emma Watson) querer casar por amor e construir uma família. Muito menos em Amy (Florence Pugh) ter como objetivo ter uma vida na elite. O importante é cada uma ter a liberdade para escolher o seu destino. E é nesse momento que entra a importância de Beth (Eliza Scanlen), que teve sua possibilidade de escolha tirada por causa de uma doença. Por isso, ela vai ser o fio condutor da história.

Portanto, mais do que em mostrar as diferentes visões de mundo, Greta acerta ao não julgar nenhuma de suas personagens.

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Amadurecimento da diretora

Mas não é apenas temática e narrativamente que Greta evolui. A diretora se mostra muito mais madura na forma que conduz a história, sabendo usar os flashbacks em prol da narrativa, com exceção de alguns que acabam não tendo muito a dizer.

E mais do que isso, constrói todo um universo particular, com um belíssimo trabalho visual, tanto na fotografia, quanto nos figurinos, no design de produção e na trilha sonora de Alexandre Desplat que acompanha a beleza do longa.

Porém, talvez o principal acerto é em como Greta dirige as atrizes, algo em que ela já se destacou em seu primeiro longa e reflete muito de sua origem no cinema. Mais do que texto é como falar o texto, muitas vezes com a sobreposição de falas que é algo muito difícil de se fazer. Controle de voz, gestos e olhares, tudo traz a verdade necessária para as atuações. Destaque para Saoirse Ronan e Florence Pugh.

Nota: 8.5

Crítica em vídeo:

Assista abaixo à crítica em vídeo que eu fiz sobre o longa em meu canal, o 16mm.

Assista ao trailer:

Ficha Técnica:

Título original: Little Women (Adoráveis Mulheres)
Data de lançamento: 9 de janeiro de 2019 (2h 15min)
Direção: Greta Gerwig
Elenco: Saoirse Ronan, Florence Pugh, Emma Watson, mais
Gêneros: Drama, Filme de época
Nacionalidade: EUA