Arthur Fleck (Joaquin Phoenix) trabalha como palhaço para uma agência de talentos e, toda semana, precisa comparecer a uma agente social, devido aos seus conhecidos problemas mentais. Após ser demitido, Fleck não aguenta mais a pressão que vinha suportando até então e é nesse momento em que a chavinha muda e o Coringa nasce. Os assassinatos iniciam um movimento popular contra a elite de Gotham City, da qual Thomas Wayne (Brett Cullen) é seu maior representante.
Dirigido por Todd Phillips, Coringa estreia nesta semana no Brasil e em diversos outros países com Joaquin Phoenix no papel do vilão do universo de Batman. O filme conta a origem do personagem sombrio e sua entrada para o mundo do crime.
Sendo extremamente sincera com você, leitor(a), eu demorei para criar coragem para escrever esse texto. Isso porque o que eu assisti na cabine de Coringa na sexta-feira em nada se difere de um futuro distante nas nossas vidas. Mas não precisa se desesperar. Você vai entender.
Vou começar falando da importância e do peso que a trilha sonora carrega no filme do Coringa. Você não relaxa um único minuto. Do início ao fim do filme seus ombros seguem travados encostados na poltrona, ou então entrelaçados em um abraço fraco e indefeso. Nada te prepara para o terror da vida de Arthur Fleck.
Um cara desses bem medianos, lá pelos seus trinta e poucos anos de idade, super carinhoso e protetor de sua mãe, uma ex empregada da família Wayne, que hoje vive seus dias acamada e sem muitas perspectivas, a não ser um único pedido, que Arthur envie uma carta ao seu ex-patrão, Thomas Wayne, que mudaria toda sua vida.
Voltando para Arthur, logo descobre-se que ele é um homem com um problema neurológico um tanto quanto constrangedor, que acaba por colocá-lo em situações absurdas, segue sua vida, como palhaço em hospitais, lojas e outros bicos onde se há a necessidade desse tipo de apresentação. Sempre com um sorriso no rosto.
A Gotham City dos anos 70
Acontece que as coisas não dão muito certo para Arthur. Seu emprego, o interesse que ele nutre por sua vizinha, e até como ele se sente com ele mesmo.
Gotham se encontra destruída, com uma greve de lixeiros que dura semanas, com os políticos horrorosos (como Thomas Wayne!), desemprego, caos, sujeira, assassinatos e doença. E é aqui que começa o ponto do filme e da nossa realidade. Quantos de nós já não tivemos dias horríveis, onde desde a saída de casa até a chegada de volta a ela te parece um pesadelo dos piores e desses que você sequer consegue acordar?
Quantas vezes você optou por perder o controle e destruir tudo, perdendo sua conexão com o que é real e o que é imaginação?
Todos temos dias de Coringa, mas o que nos difere, fora a não existência de sérios problemas psicológicos é a capacidade de discernir e seguir em frente.
Como fã de carteirinha da história do Batman e seus vilões vou ser muito sincera e dizer que eu esperava que eles contassem de verdade como o Coringa surgiu. Eles não contam. Eles criam uma outra história com pinceladas da “realidade de Gotham”, porque, claro, estamos falando de uma história em quadrinhos. Mas a história faz jus e se mescla muito com a realidade completamente descompensada e doente que estamos vivendo, onde as pessoas precisam se juntar até mesmo a um vilão para garantir que seus direitos sejam garantidos (seja você minoria ou maioria).
Um ponto importante, porém sem spoilers é o impacto que logo a primeira cena do filme teve para mim. Foi um dos grandes momentos do filme.
Nota: 8.0
Assista ao Trailer:
Ficha Técnica:
Data de lançamento: 3 de outubro de 2019 (2h 02min)
Direção: Todd Phillips
Elenco: Joaquin Phoenix, Robert De Niro, Zazie Beetz mais
Gênero: Drama
Nacionalidades: EUA, Canadá