Baseado na obra de Frank Hebert, “Duna” apresenta um futuro distópico controlado por um império estelar. Acompanhamos então a família Atreides, enviada para o plano desértico Arrakis em uma clara armadilha.

O filme está disponível nos cinemas.

Um épico melancólico

“Duna” sufoca o público em um épico silencioso distante, angustiante e de escalas gigantescas.

Denis Villeneuve já provou por diversas vezes na carreira sua capacidade de lidar com uma grande produção, como os recentes “A Chegada” e “Blade Runner 2049”, ambos também voltados para a ficção científica. Mas, em “Duna”, sua missão era ainda mais complicada. Isso porque, trata-se da adaptação de uma das obras mais influentes da literatura de ficção científica e que já teve uma versão catastrófica para o cinemas, dirigida por David Lynch. Mais do que apenas a escala, a obra original é cheia de conceitos, tramas políticas, religião, filosofia e um quê de fantasia.

Mas, se o caminho mais fácil era se voltar para a ação espacial, Villeneuve prefere seguir o caminho mais difícil, rejeitando muitos dos elementos presentes em quase todos os blockbusters atuais. O filme se desenvolve com cadência, em um clima austero e melancólico. Sem precisar recorrer tanto ao texto, ele, por meio da imagem, cria o prenúncio do que está por vir.

Critica Duna 2

Por mais que o filme ainda recorra a uma certa dose de exposição e, mesmo assim, muitas coisas não fiquem tão claras para quem não leu o livro, o diretor consegue criar uma imersão assustadora por meio dos grandes planos, ora silenciosos, ora marcados por uma trilha sonora desesperançosa de Hans Zimmer.

Somos transportados para um mundo novo, de arquitetura gigantesca que diminui os personagens no plano. Eles são dominados por aquele planeta árido e quase sem vida. Somos aprisionados junto a eles tanto pelas paredes infinitas quanto pelo deserto interminável. Ninguém precisa falar que algo está errado, nos sentimos isso.

Sem recorrer muito a planos mais próximos, Villeneuve nos distancia dos personagens, mas nos mantém simpatizando com seus problemas. Não só pelos eventos da história e toda a conspiração proposta, mas principalmente porque somos imersos junto a eles naquele lugar hostil.

Cabe então ao elenco estelar aumentar essa simpatia pelos personagens, seja com a confusão silenciosa do escolhido Paul (Timothee Chalamet), pelo carisma de Duncan Idaho (Jason Momoa) e sua amizade com Paul, ou por sentir junto com Lady Jessica (Rebecca Ferguson) e Duque Leto (Oscar Isaac) que aquela situação envolve forças que eles são incapazes de controlar.

Assim, sem a profundidade filosófica do livro, Villeneuve consegue trabalhar a escala dos espaços e do CGI em um clima desconfortável, sem abandonar o lado político, religioso e fantasioso, que devem aparecer ainda mais fortemente na segunda parte. É um filme de difícil conexão com os personagens, em parte pela falta de desenvolvimento de algumas relações, mas que compensa isso nos fazendo sentir pelas imagens.

Nota: 148839148839148839148839

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Ficha Técnica:

Título original: Dune
Data de lançamento: 21 de outubro de 2021
Direção: Denis Villeneuve
Elenco: Timothee Chalamet, Rebecca Ferguson, Oscar Isaac, Jason Momoa, Javier Barden
Gêneros: Épico, Ficção científica
Nacionalidade: EUA