“Monster Hunter” acompanha a militar Natalie (Milla Jovovich) tentando sobreviver em um mundo fantástico e perigoso após chegar lá por um portal. Então, ela precisa da ajuda de um nativo (Tony Jaa) para sobreviver a monstros gigantes e conseguir retornar para o seu mundo.
O filme está nos cinemas.
Um filme de Paul W. S. Anderson
“Monster Hunter” é a definição de o que é um longa de Paul W. S. Anderson. O cineasta, que nunca realizou um bom filme na vida e acumula obras patéticas (“Resident Evil”, “Mortal Kombat”, “Alien vs. Predador”, “Pompeia”, “Os Três Mosqueteiros”, entre outras), segue fazendo cinema para um grupo restrito de adores, capazes de defendê-lo independente do que estejam presenciando em tela. Ele prova que ser um diretor autoral está longe de ser sinônimo de “bom diretor”, e é exatamente o que vemos mais uma vez nessa nova adaptação de video game de Anderson, uma série de maneirismos ultrapassados e uma estilização bem característica que agradará apenas aos seu fãs e defensores. E, claro, mais uma parceria com a sua esposa Milla Jovovich!
Somos então transportados junto com a protagonista para um mundo mágico e perigoso, cheio de criaturas gigantes aterrorizantes tentando caçá-la. Pelo menos isso é o que Anderson acredita estar fazendo, já que, com exceção de algumas cenas subterrâneas no covil de aranhas, esse mundo não tem nada de inovador, grandioso ou amedrontador. Pelo contrário, ele nada mais é do que um grande deserto com criaturas que já vimos milhares de vezes antes, como aranhas gigantes, dinossauros e um dragão. E a tentativa de tornar aquilo grandioso por meio de grandes planos gerais, câmeras que simulam drone e uma trilha sonora empolgante só torna a obra mais brega, já que a direção grita por algo que sua história não é capaz de entregar.
E, falando em história, aqui temos um dos piores roteiros que eu vi em tempos. A começar que o filme está mais preocupado em criar uma franquia do que em construir uma narrativa minimamente plausível com personagens cativantes ou desenvolvidos. Como aconteceu com os “Resident Evil”, Anderson parece enganar o seu público prometendo que o filme seguinte da franquia será bom, algo que ele nunca foi capaz de entregar, mas seguia fazendo os seus seguidores acreditarem nessas promessas.
Só que, a história ridícula (e que fica ainda pior quando as revelações começam a aparecer) acaba por ser apenas uma desculpa para cenas de ação. São estas que conduzem a narrativa e não necessariamente os personagens e os elementos daquele mundo. Pelo menos nesse aspecto, Anderson não tenta esconder a narrativa e a estética de video game. Todas as interações entre os dois personagens principais nada mais são do que o similar às cut scenes dos games. Elas aparecem apenas como respiro para a ação e visando introduzir uma ou outra informação nova antes de uma nova sequência de ação. O problema é que essas “cut scenes” ficam presas a basicamente ao mesmo assunto durante todo o filme: dois personagens tentando se conhecer e trabalhar juntos, além de uma repetição de exposição para falar absolutamente a mesma coisa.
E eu faria até vista grossa para tudo isso se Anderson fosse qualificado para entregar boas cenas de ação, o que ele definitivamente é incapaz de fazer. Nem a presença de um ator (Tony Jaa) acostumado a fazer filmes de artes marciais e super preparado para coreografar lutas consegue fazer Anderson mudar o seu ultrapassado e sempre criticado estilo de filmar e montar essas cenas. Ele segue achando estilosa a tentativa de mostrar várias ações acontecendo em questão de um ou dois segundos, o que cria um caos e incapacita o público de entender qualquer coisa.
Isso até poderia ser aceitável se estivéssemos falando de atores que não sabem coreografar, o que obrigaria o diretor a fazer cortes para introduzir os dublês em tela, mas isso definitivamente não é o caso. Trata-se mesmo de uma escolha de estilo de alguém incompetente para filmar de outra forma. E o pior é que essa escolha acaba indo em caminho contrário a toda a sua proposta para o filme. Se a ideia é reproduzir tudo sob uma ótica de video game, tanto a narrativa quanto os efeitos visuais mais artificiais (que cabem bem aqui justamente por isso), não faz sentido filmar os momentos centrais (cenas de ação) com uma montagem super picotada, já que nos games o jogador precisa de sequências sem corte para realizar os movimentos que deseja.
Mas esperar tal reflexão de Paul W. S. Anderson talvez seja ingenuidade da minha parte. Ele combina mais com câmeras de ponto de vista de monstros gigantes e um gato cozinheiro que vira mestre das artes marciais para lutar contra um dragão (chefão da fase final). E, acreditem, tudo isso está presente no caótico “Monster Hunter”.
Nota: 4.0
Assista ao trailer:
Ficha Técnica:
Título original: Monster Hunter
Data de lançamento: 25 de fevereiro de 2021
Direção: Paul W. S. Anderson
Elenco: Milla Jovovich, Tony Jaa
Gêneros: Ação, Fantasia
Nacionalidade: EUA