Em um bairro suburbano, um pai se senta à mesa com seus filhos e precocemente os alerta sobre o racismo sistêmico americano e como se portarem caso sejam abordados por policiais. São três crianças que ainda não possuem discernimento para entender tudo o que lhes é dito, mas já sabem o peso que a cor de sua pele terá em suas vidas. É assim que se inicia a adaptação do best-seller homônimo de Angie Thomas: dando um soco no estômago.
A protagonista Starr, vive sua vida de duas formas, ou suas duas versões, como ela mesma diz: a Starr que estuda no colégio particular, que não usa as gírias raciais, nem se porta como os outros negros, que quer apenas fazer parte daquilo e não ser julgada como alguém que veio do gueto, e a Starr que aos finais de semana vai as festas em seu bairro, que já age de forma diferente, mas que também não sabe se aquilo é verdadeiramente quem ela é.
É um tema super delicado, mas trata-se muito de pesos diferentes para a mesma medida; usar trança, usar gírias, tênis estilosos, é algo perfeitamente normal e descolado, se você está num contexto majoritariamente branco, agora, ao ver as exatas mesmas coisas, em um negro da favela, é visto com maus olhos, como desleixo, marginalidade… faz sentido?
Com apenas 16 anos, Starr viu e viveu muito mais que seus colegas de escola, que vivem em uma bolha, e após a morte de um de seus amigos, Khalil (por um policial branco), ela se vê cada vez mais distante desse mundo onde o preconceito está presente nem sempre de forma tão escancarada.
O Ódio que você semeia estréia no Brasil na quinta-feira, 06 de Dezembro.
Título original: The Hate U Give
Gênero: Drama
Estréia: 6 de dezembro de 2018 (Brasil)
Duração: 2h 12min
Classificação: 14 anos
Direção: George Tillman Jr
Roteiro: Audrey Wells. Baseado no livro escrito por Angie Thomas
É porrada atrás de porrada, existem oportunidades para uma mudança de vida pra quem vive no gueto? Pra quem tem sua cor de pele visto como um atributo que o faz superior ou inferior a alguém?
Que fique bem claro que idéia nunca foi algo de “nós” contra “eles”, não é o ódio que especificamente você semeia, e sim nós, todos nós. É de longe um dos melhores filmes que eu já vi sobre o tema, o racismo não precisa ser dito com todas as letras, ele está presente em tantas coisas que por diversas vezes não percebemos, mas que pra quem sofre diariamente com isso, faz toda diferença sim.