Um homem acorda em uma cela com um buraco no meio. Ele descobre que se trata de uma prisão com o poço, em que são vários níveis com duas pessoas em cada. Uma vez por dia, desce comida pelo buraco e as pessoas nos níveis superiores têm preferência. No final de cada mês, as duplas são aleatoriamente trocadas para outras celas.
Crítica social
“O Poço” se apega desde a premissa a uma crítica social clara, que em alguns momentos é trabalhada até de forma óbvia, com personagens explicitando as relações sociais propostas pelo local. Entretanto, apesar de um pouco expositivo em alguns momentos, o filme consegue se fazer relevante a partir do momento em que centra a narrativa em seu protagonista e quando começa a abandonar a obviedade em prol dos simbolismos.
Apesar de funcionar como crítica ao capitalismo e ao comunismo, eu prefiro ver o filme sob um ponto de vista mais humano: as pessoas sentem cada vez mais empatia pelo próximo. Vivemos em uma sociedade em que nos acostumamos a viver individualmente e, por isso, o social se tornou algo quase abstrato.
E isso funciona dentro da lógica do poço, que apesar da produção ter um orçamento mais baixo, ela esbanja um valor graças ao excelente design de produção.
Galder Urrutia demonstra qualidade ao conduzir a narrativa, trabalhando muito bem as brechas do roteiro. Ou seja, sempre que o protagonista se adapta a uma situação, o roteiro sempre cria novos problemas convincentes para colocá-lo de novo em ação para fechar essa brecha.
Além disso, o gore aparece como elemento fundamental para mostrar animalização do ser humano, o instinto de sobrevivência que aparece naqueles que são obrigados a viver um mês sem comida e têm o seu parceiro de cela como único “alimento”.
Então, em meio uma boa ambientação, construção da atmosfera de terror psicológico e elementos sociais, “O Poço” se encaminha para um final aberto que finaliza bem a proposta do longa. Um final fechado aqui tiraria força, principalmente se esse fosse feliz, o que iria soar como fantasioso e desapegado do restante da obra.
Nota: 7.5
Leia também: [Crítica] O Homem Invisível (2020)
Crítica em vídeo:
Assista abaixo à crítica em vídeo que eu fiz sobre o longa em meu canal, o 16mm.
Assista ao trailer:
Ficha Técnica:
Título original: El Hoyo (O Poço)
Data de lançamento: 20 de março de 2020 (1h 30min)
Direção: Galder Urrutia
Elenco: Iván Massagué, Emilio Buale, Eric Goode mais
Gêneros: Thriller, Terror
Nacionalidade: Espanha