“Palm Springs” conta a história de Nyles (Andy Samberg) e Sarah (Cristin Milioti), que estão presos vivendo o mesmo dia de suas vidas. Enquanto Nyles aceita a situação, Sarah tenta rompê-la.
Efeito “Feitiço do Tempo”
Ao contrário da maioria das produções que estruturam sua trama com o já recorrente efeito “Feitiço do Tempo” (uma pessoa presa em um loop temporal e vivendo o mesmo dia repetidas vezes), “Palm Springs” não inicia com uma narrativa restritiva em que descobrimos junto com o protagonista essa nova condição de sua vida. Pelo contrário, vemos Nyles desde o primeiro segundo como alguém completamente diferente daqueles que o cerca, tanto pelo seu figurino praiano em uma festa de casamento quanto pelas suas atitudes, não levando nada a sério.
Então, após a conclusão do primeiro loop e a introdução de Sarah dentro dessa mesma dinâmica, descobrimos que Nyles estava nos avisando desde o primeiro segundo sobre sua condição, com dicas que só perceberíamos se já soubéssemos sobre o que o longa se tratava.
E é justamente graças a esse relação entre o protagonista e Sarah que o roteiro desenvolve uma abordagem um pouco diferente dessa estrutura tão batida. Pois o que vemos não é um personagem conhecendo aquilo e apresentando tudo para o público dessa forma, e, sim, uma pessoa entendo a sua condição por meio de alguém que não aguenta mais viver o mesmo dia. O famoso uso de um “novato” que precisa de exposição, assim como nós também precisamos.
Além disso, “Palm Springs” subverte um pouco os conceitos desse tipo de universo ao tentar apresentar uma resposta científica para o problema, ainda que não se saia tão bem nesse sentido. A maioria dos filmes nesse formato pouco se importam com isso, o loop geralmente é algo fantasioso e sem explicação.
Personagens
Assim, acompanhamos os dois em fases completamente diferentes. Sarah quer entender e sair daquele loop, enquanto Nyles já aceitou a condição e pouco se importa com qualquer coisa. É como se ele já tivesse vivido todas as possibilidades daquele mundo e não quisesse desvendar mais nada.
Entretanto, se as mudanças de “Palm Springs” nessa estrutura são bem leves e em muitos momentos a gente consegue antecipar muito do que está por vir, o longa é capaz de nos prender justamente graças à dinâmica dos protagonistas e as situações criadas por eles. Samberg e Milioti apresentam uma química invejável, com uma tensão sexual crescente, ainda que com personalidades completamente diferentes.
Ademais, essa parceria de loop é capaz de gerar boas piadas, destaque aqui para o diálogo em que Sarah quer saber com quem Nyles já transou em seu loop duradouro e solitário, algo que parece ser sempre a primeira pergunta que qualquer pessoa faria para alguém que vivesse nessa situação, caso isso fosse possível.
Entretanto, é bem verdade que a curta duração não nos permite presenciar tantas cenas desse tipo. Vemos os personagens aproveitando sua impossibilidade de punição e consequências de forma muito rápida, por meio de uma montagem que não dá tempo para presenciarmos aquilo de fato. Além disso, o longa cria um lado dramático a partir do final do segundo ato que nem sempre funciona.
Mas, apesar de ser pouco original e apresentar alguns problemas de tom, “Palm Springs” é um longa para lá de divertido e que conta com uma bela química entre sua dupla central. É um filme que tem a leveza perfeita para o momento em que vivemos.
Nota: 7.0
Assista ao trailer:
Ficha Técnica:
Título original: Palm Springs
Data de lançamento: Sem estreia no Brasil
Direção: Max Barbakow
Elenco: Andy Samberg, Cristin Milioti, J. K. Simmons mais
Gêneros: Comédia, Romance
Nacionalidade: EUA