“Parasita” conta a história de uma família pobre da Coreia do Sul que começa a trabalhar para uma família rica, sem que estes saibam que os empregados se conheçam.
Um Marco no cinema contemporâneo
“Parasita” é um daqueles filmes que ao assistir, você sabe que se trata de algo diferente, marcante, especial. É um dos poucos longas que imediatamente já marcam seu nome na história do cinema. É uma obra difícil de descrever em palavras, o sentir aqui é mais importante do que o pensar.
Mas, se o aspecto sensorial é o fundamental, a racionalidade é quase igualmente relevante. Na verdade, ambos estão interligados. Isso porque o maior acerto de Bong Joon Ho é conseguir trabalhar a temática social sem nunca precisar expor sua visão no texto. As diferenças aparecem nos cenários (a localização das casas e o visual delas), na forma dos personagens agirem, na fotografia e na trilha sonora.
Nenhum personagem precisa expor sua ideia sobre as injustiças do mundo, basta uma leve passeada com a câmera ao som de música clássica por dentro da mansão de uma das famílias para entendermos isso.
Os diferentes gêneros
Porém não é apenas visual e musicalmente que a direção se destaca. O mais especial de Ho é a forma como ele transita entre diferentes tons e gêneros de forma suave, sempre moldando o roteiro a sua visão.
Dessa forma, passamos da sátira, para o drama, para o suspense, entre outros, de forma tão natural que em nenhum momento parece que o filme perdeu o foco.
E é justamente por meio da sátira que ele vai desdobrar a história de uma forma que nem a reviravolta mais inesperada é capaz de causar estranhamento. Ela choca, mas não incomoda.
Então, ele vai se reinventando ao mesmo tempo que o longa muda junto. A cosmologia da obra, apesar de estabelecida inicialmente, mostra uma maleabilidade. É como se o filme constantemente quebrasse as suas próprias regras construindo no lugar outras capazes de seguir fortalecendo a unidade do longa.
Atuações e Personagens
Além de trabalhar bem os personagens, suas motivações e construções dramáticas, “Parasita” conta com excelentes atuações. Aqui os atores não só convencem ao interpretar seus personagens, mas conseguem transitar entre gêneros ao passo que o filme faz o mesmo.
Outro acerto de Ho é como ele consegue fazer seus atores se relacionarem com a cenografia. São poucos os filmes neste século capazes de promover uma encenação tão sólida com uma mise en scène tão sofisticada.
“Parasita” é o cinema em seu potencial máximo, explorando uma estrutura narrativa peculiar ao mesmo tempo que a direção entende as possibilidades resultantes da exploração do máximo de recursos visuais e sonoros. Com isso, o longa é capaz de promover uma experiência inesquecível.
Nota: 10.0
Crítica em vídeo:
Assista abaixo à crítica em vídeo que eu fiz sobre o primeiro longa em meu canal, o 16mm.
Assista ao trailer:
Ficha Técnica:
Título original: Gisaengchung (Parasita)
Data de lançamento: 07 de novembro de 2019 (2h 12min)
Direção: Bong Joon-Ho
Elenco: Cho Yeo-Jeong, Song Kang-Ho, Choi Woo-Shik, mais
Gêneros: Sátira, Suspense
Nacionalidade: Coreia do Sul