“Predadores Assassinos” traz uma mulher e seu pai ferido que ficam presos pelas águas da enchente em sua casa durante um furacão. Com a tempestade aumentando, eles logo descobrem uma ameaça ainda maior do que a água: um ataque implacável de um bando de jacarés gigantes.
Trash hollywoodiano
Dirigido por Alexandre Aja (“Piranhas 3d”), cineasta que dedica sua carreira desde o início à filmes de terror entre o trash e o independente, “Predadores Assassinos” é o filme mais maduro do diretor.
Como deve ser feito em todos os filmes que colocam um pé no trash e no absurdo, o longa tem uma autoconsciência bem clara do universo particular que ele cria. Já que o longa nada mais é do que um terror trash com orçamento mais alto. Mas apesar do visual ser de uma produção hollywoodiana, o filme não abandona o seu lado de cinema b. E, dessa forma, consegue trazer o melhor dos dois mundos.
Então, ao mesmo tempo que o filme é intencionalmente ilógico, irreal, absurdo e cheio de facilitações narrativas, ele também consegue construir uma boa tensão ao usar muito bem a claustrofobia do espaço, a ameaça iminente constante e o uso de câmera com movimentos e zooms que brincam constantemente com a percepção do público. O longa está quase que incessantemente sugerindo o perigo, mesmo que por muitas vezes não aconteça nada.
Personagens e atmosfera
Além disso, ele une muito bem a ideia de filmes de catástrofe com o de animal gigante para criar o terror em duas frentes. Ao passo que os personagens conseguem se livrar de uma das ameaças, eles obrigatoriamente devem enfrentar a outra. Com isso, o que em outro longa se trataria de decisões estúpidas dos protagonistas, aqui é algo necessário para sobrevivência.
E o fato também de ter apenas dois personagens faz com que a gente simpatize rapidamente com eles. O que é essencial para que o público tema pela vida deles.
E após colocar todas as peças no seu devido lugar, em um jogo com regras já estabelecidas, que “Predadores Assassinos” é capaz de construir diversas situações tensas. Até quando o longa abandona completamente a realidade e se atira no absurdo, o terror nunca é deixado de lado.
E o mérito é total para a direção de Aja, que consegue dosar o uso de efeitos digitais por boa parte do longa, ao apostar na sugestão do terror. Além disso, há um bom uso de diferentes câmeras para simular a sensação do que os personagens estão passando.
CGI e melodrama
É uma pena que em alguns momentos o filme perca a sua própria autoconsciência para cair em um melodrama barato e desnecessário. Toda e qualquer tentativa de criar momentos dramáticos aqui soa ridícula e desnecessária.
A gente já está investido nos personagens pelo mínimo que a gente conhece deles graças a situação em que se encontram. Não era necessário o uso flashbacks, que parecem mais uma muleta narrativa do que algo que realmente agregue à construção deles.
Além disso, a computação gráfica funciona muito bem em momentos mais escuros. Porém, quando o longa é obrigado a usá-la em cenas mais bem iluminadas, tudo soa artificial. E isso, estraga o terror desses momentos.
Nota: 7.5
Assista ao Trailer:
Ficha Técnica:
Título original: Crawl (Predadores Assassinos)
Data de lançamento: 26 de setembro de 2019 (1h 27min)
Direção: Alexandre Aja
Elenco: Kaya Scodelario, Barry Pepper, mais
Gêneros: Terror, catástrofe
Nacionalidade: EUA