“Soul” conta a história de um professor de jazz que é contratado para trabalhar em uma banda, o emprego em que ele sempre sonhou.
O filme está disponível no Disney+.
Profunda e sensorial
Depois dos divertidos “Toy Story 4”, “Os Incríveis 2” e “Dois Irmãos”, “Soul” volta a trazer a Pixar para um caminho mais sensorial e maduro. Não que as três animações anteriores não tivesse nada a dizer, pelo contrário, “Dois Irmãos”, por exemplo, consegue achar um bom equilíbrio entre a diversão e temáticas mais humanas. Entretanto, em “Soul”, todo o foco está no debate de questões mais adultas como o valor da vida, o pós-morte, a espiritualidade, entre outros.
Por mais que funcione com as crianças por causa de seu visual, sobretudo nas sequências em que se passam no simples e azulado mundo das almas, o centro das discussões sempre estará em espectadores com mais idade. Não que “Soul” tente ser profundo a ponto de se provar como um grande ensinamento para os adultos, com ideias jamais pensadas ou debatidas. Nem é essa a proposta do filme. A obra de Pete Docter, assim como o seu bom “Divetida Mente”, está mais interessado em resgatar a beleza da vida para uma sociedade que insiste em ter o ódio como protagonista.
Não á toa, a animação traça um paralelo visual muito claro entre a superrealista Manhattan, em que muitas vezes nem parece se tratar de uma animação, nesse sentido, é a animação mais detalhista da Pixar (destaque para o trabalho de iluminação), com o mundo das almas, que abandona completamente o realismo e aposta em cores mais claras e em poucos contrastes. É quase como se o protagonista precisasse se desligar um pouco do mundo real para poder aprender a enxergar a beleza na própria vida.
Além disso, o longa aposta em uma quebra de hierarquia autoimposta em nossa sociedade. Aqui, a “criança” ensina ao adulto acostumado a ensinar às crianças. É só quando ele consegue enxergar o mundo de forma mais otimista e inocente que consegue voltar a valorizar a própria vida. Claro que nesse ponto, junto às discussões humanas, acrescentemos a dinâmica entre os dois personagens centrais, que rendem boas piadas (quase todas dependendo de um contexto e focadas em um público mais maduro) e um trabalho de voz acima da média de Jamie Foxx e Tina Fey, que dão vida a esses dois diferentes e interessantes personagens, algo importante, já que o contraste entre eles é fundamental para o filme funcionar.
Por mais que o longa não seja original, recorrendo a ideias e escolhas visuais já vistas antes em filmes do estúdio (a semelhança com o próprio “Divertida Mente” é bem grande), além de empregar a famosa “Fórmula Pixar” de volta para casa em uma aventura que mistura humor e reflexão, “Soul” acaba por ser uma interessante jornada sobre questões humanas e, principalmente, um bem-vindo olhar otimista sobre a nossa sociedade.
Nota: 8.5
Assista ao trailer:
Ficha Técnica:
Título original: Soul
Data de lançamento: 25 de dezembro de 2020
Direção: Pete Docter
Elenco: Jamie Foxx, Tina Fey, Daveed Diggs
Gêneros: Animação, drama
Nacionalidade: EUA