“Star Wars: Visions” é uma série no formato de antologia com nove animes não-canônicos imaginados por artistas japoneses para Star Wars.

A série está disponível na Disney+.

Sem amarras

“Star Wars: Visions” abandona as típicas amarras da Disney e das obras canônicas, enquanto se conecta ao cinema oriental e às próprias referências de Star Wars.

Não é novidade para nenhum fã da saga que seu criador, George Lucas, bebeu muito da fonte do cinema de samurai para criar Star Wars. Os jedis são completamente inspirados nos samurais e o sabre, uma arma sagrada, na katana. Não à toa, Lucas fez questão de homenagear claramente o mestre Akira Kurosawa em um dos episódios de “Clone Wars”, com direito até a dedicatória. O mesmo foi feito por Jon Favreau  na primeira temporada de “The Mandalorian”.

Então, por mais que o cinema e a cultura japonesa não sejam as únicas inspirações de Lucas (muitos dos conceitos da ordem galáctica foram trazidos de “Fundação”, do Isaac Asimov), “Visions” se apresenta como a volta de Star Wars para sua própria casa. É uma série muito mais preocupada em trabalhar conceitos de Star Wars em meio a uma produção de anime (animação tipicamente japonesa) do que em criar uma grande relação com o cânone da franquia.

Critica Star Wars Visions

E é justamente esse desapego canônico que permite à série viajar por diferentes histórias, traços, mundos e conceitos. Ao mesmo tempo, a animação 2D e sua irrealidade característica abre um mundo de possibilidades para criar narrativas sem as amarras do realismo. É Star Wars em seu conceito mais básico: a fantasia.

Assim, vemos elementos do cinema japonês e de Star Wars dividirem a tela harmoniosamente. Um bom exemplo é o episódio do duelo, em que o preto e branco, o ritmo mais calmo e o “samurai” defendendo a aldeia se relacionam diretamente com filmes como “Os Sete Samurais” e “Yojimbo”, enquanto os poucos elementos com cores vivas aparecem na arquitetura “galáctica”, como o transporte e o sabre de luz. E mesmo os sabres são inspirados na katana e no guarda-chuva, muito presentes no cinema japonês.

Interessante também é perceber como o episódio “A Noiva Aldeã” relaciona a “Força” de Star Wars como uma ligação entre a aldeia e os elementos naturais, em uma noção quase espiritual, muito comum na cultura japonesa.

Dessa forma, fugindo da prisão do universo interligado, algo que “What if…?” não conseguiu fazer na Marvel justamente por ser canônico e ficar restrito a mudar alguns poucos eventos do MCU que já vimos, “Visions” é uma das poucas apostas mais ousadas da Disney nos últimos tempos, o que demonstra que mesmo pertencentes ao mesmo estúdio, Marvel e Lucas Films ainda apresentam alguma independência. “Visions” se destaca justamente por dar liberdade criativa aos seus artistas, algo que a Marvel nunca sonhou em fazer.

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Assista a minha crítica em vídeo:

Assista ao trailer:

Ficha Técnica:

Título original: Star Wars: Visions
Data de lançamento: 22 de setembro de 2021
Gêneros: Animação, Fantasia
Nacionalidade: EUA/Japão