“The Witcher: Lenda do Lobo” acompanha Vesemir, futuro mestre de Geralt de Rívia, desde a infância até se tornar um bruxo. Ele terá que defender a fortaleza de Kaer Mohen, casa dos bruxos, de uma feiticeira e dos cidadãos de Kaedwen. Trata-se de uma história de origem que se passa no mesmo universo da série “The Witcher”, que terá a 2ª temporada lançada pela Netflix ainda este ano.
O filme está disponível no catálogo da Netflix.
O potencial da animação para começar um universo
“The Witcher: Lenda do Lobo” se utiliza do potencial do anime para criar uma história de origem que usa e abusa do fantástico, da magia e, principalmente, do sangue para retratar um mundo devastado por ódio e barbárie.
Quando “The Witcher” estreou na Netflix, ela dividiu boa parte do público, em parte por escolhas questionáveis do roteiro e da direção, em parte pela “confusão” da história. Isso porque os dois primeiros livros não seguem um romance contínuo e, sim, contos que acontecem aleatoriamente ao longo dos anos. Ao tentar inserir todos em uma mesmo temporada, o público que não conhecia a obra original ficou confuso.
Então, antes de lançar a segunda temporada, a Netflix decidiu trazer um prequel para falar um pouco mais sobre aquele universo. Ainda que o segundo ano deva ser de mais fácil assimilação, por adaptar uma história mais linear, já que chegamos no terceiro livro, tal escolha forneceu ao estúdio a possibilidade de brincar com um novo estilo, contar uma história capaz de se fechar rapidamente e atrair um novo público, os fãs de anime.
Só que muito mais do que uma escolha comercial, “The Witcher: Lenda do Lobo” se mostrou um projeto que sabe a história que quer contar e, principalmente, como contar. Sem a prisão de possibilidades que é o live-action e abusando de um estilo que é historicamente violento e despreocupado de realismo, o filme pode mergulhar o passado em um banho de sangue, guerra e destruição. Isso ajudará a entender o presente daquele universo anos depois, assim como vários elementos essenciais. Talvez o principal deles seja a origem de qualquer bruxo, rejeitado pela família ou órfão, a criança deve passar por um processo de mutações em que pouquíssimas sobrevivem. Isso explica também a frieza e o caráter muitas vezes questionável e mercenário dos bruxos. Em uma série em que o protagonista segue tal “profissão”, não deixa de ser uma boa escolha introduzir um background e camadas a essa figura.
Além disso, temos um pouco da política, representada aqui em Kaedwen, o envolvimento das feiticeiras na política, os monstros, o preconceito, o que os humanos fizeram com os elfos, os sinais que os bruxos são capazes de lançar, o óleo que coloca na espada, o perigo iminente nesse mundo, entre muitos elementos que marcam esse universo nos livros. Só que seria complicado introduzir isso tudo imediatamente na série, por isso a animação consegue cumprir esse papel sem nunca parecer apenas um tapa-buraco.
Longe disso, o longa é capaz de funcionar bastante dentro de si mesmo, apesar de ser um pouco restritivo para quem nunca viu ou leu nada do universo. Temos uma narrativa de idas e vindas que fala essencialmente sobre as transformações e os rumos que a vida leva e, como, muitas vezes é necessário soterrar o passado e as lembranças para seguir em frente (algo retratado com as ruínas dos elfos sendo soterradas e com a destruição de Kaer Mohen). Com isso, esse mundo obscuro não permite que o amor se desenvolva com facilidade, ele destrói as pessoas boas.
É, com certeza, uma obra que funciona melhor para os fãs desse universo do que para o público que não conhece tanto. Ainda assim, não deixa de ser uma boa história de origem potencializada pelo poder do anime.
Nota:
Assista a minha crítica em vídeo:
Assista ao trailer:
Ficha Técnica:
Título original: The Witcher: Nightmare of the Wolf
Data de lançamento: 23 de agosto de 2021
Direção: Kwang Han
Elenco: Theo James, Lara Pulver
Gêneros: Ação, Fantasia, Anime
Nacionalidade: EUA