“Vozes e Vultos” conta a história de um casal que se muda para uma casa de campo depois que o marido muda de emprego. Mas eles não esperavam que aquela casa tivesse tantos segredos.

O filme está no catálogo da Netflix.

Busca pelo “intelectual”

Depois de anos de marasmo, dominado por obras genéricas e repetindo os mesmo clichês, o terror começou a apresentar sinais de recuperação na década passada. Muito disso veio do resgate de um terror mais psicológico, com foco maior no drama das personagens e em questões subjetivas e/ou sociais. Foi dessa forma que diretores como Ari Aster, Robert Eggers e Jennifer Kent ganharam destaque.

Porém, como tudo que faz sucesso e ganha notoriedade, esse terror mais dramático, complexo e, quase sempre, independente atraiu cineastas menos capacitados e interessados em fazer parte desse nicho a qualquer custo. E é justamente isso que ocorre com os diretores de “Vozes e Vultos”, Shari Springer Berman e Robert Pulcini. Todos os elementos dessa forma de fazer terror (que um dia recebeu o ridículo termo “pós-terror”) estão presentes nesse novo filme da Netflix, mas não de maneira satisfatória.

Critica Vozes e Vultos Netflix 2

Para ser justo, o filme até anda bem nos primeiros minutos, quando marcado pelo metafórico e dominado por um relacionamento abusivo que aparece de forma sutil no início. A ambientação fria nos anos 80 também ajuda o público a comprar o drama da personagem principal, enquanto a direção subverte de forma inteligente alguns clichês de gênero como a casa mal assombrada com um espírito maligno, os personagens coadjuvantes marcados pela estranheza e, principalmente, os jump scares.

Porém, quando o filme começa a andar, fica claro que a direção e o roteiro têm pouco a apresentar além da premissa e de sua temática socialmente relevante, que se perde em parte na busca incessante dos diretores por um terror “mais intelectual”. Só que essa tentativa de ser inteligente pouco agrega em complexidade de temas ou personagens (os coadjuvantes aqui não só são pobres como nem sequer têm seus arcos finalizados).

Pelo contrário, cada vez mais o longa vai entrando em um grande vazio repetitivo que culmina em um inexplicável final aberto, que nada mais é do que os diretores dizendo para o público “olha como nossos somos geniais”. Só que de genial “Vozes e Vultos” não tem nada. Boa sorte para quem for encarar essas duas horas de sofrimento.

Nota: 3.5

Assista ao trailer:

Ficha Técnica:

Título original: Things Heard and Seen
Data de lançamento: 29 de abril de 2021
Direção: Shari Springer Berman, Robert Pulcini
Elenco: Amanda Seyfried, Nathalia Dyer, James Norton
Gêneros: Drama, terror
Nacionalidade: EUA