“Bill e Ted: Encare a Música” é o terceiro filme da franquia “Bill & Ted” e se passa mais de 20 anos após o segundo. Mais uma vez a dupla de protagonistas precisa tocar uma música capaz de unir o mundo e salvar o universo.
Desnecessário e retrógrado
“Bill e Ted: Encare a Música” é uma aula de como não se fazer uma sequência que busca resgatar uma franquia. É um caça-níquel nostálgico que faz até os remakes em live-action das animações da Disney parecerem originais. “Bill & Ted” até poderia receber uma continuação, desde que os realizadores tivessem conhecimento de que os dois primeiros filmes são datados, produtos de sua época e que não envelheceram bem. O humor no melhor estilo besteirol evoluiu com o passar dos anos, enquanto a temática da viagem no tempo ficou saturada de tantas abordagens possíveis.
Por isso, não consigo entender a escolha de fazer um terceiro filme que é uma cópia com os personagens mais velhos dos dois primeiros longas. O humor não funciona mais, até porque as piadas são todas recicladas, e a viagem no tempo que deveria sustentar a narrativa é ainda mais aberta, sem regras e mal trabalhada. Os personagens históricos que só serviam de desculpa no original, aqui não tiveram nem o trabalho de caracterização e ambientação (da época em que viveram) minimamente críveis, apesar do orçamento mais enxuto gasto com efeitos visuais.
Dessa forma, o filme se transforma em um mix de momentos e viagens no tempo aleatórios, que no final convergem de forma forçada pelo roteiro para a resolução esperada. Enquanto isso, os personagens que dão nome ao título continuam sendo as mesmas pessoas dos filmes anteriores. Se antes combinava com a idade e a proposta juvenil, agora fica apenas ridículo, com homens agindo como crianças imbecis. A única coisa boa que o novo longa consegue extrair dos antigos é a mensagem de união, que, apesar de igual aos dois precursores, é mais relevante do que nunca para a sociedade de ódio que vivemos.
De resto, é a mesma motivação e história, personagens idênticos e um monte de frase dos filmes anteriores sendo repetidas à exaustão, além, é claro, de um retorno desnecessário de um personagem clássico, porque isso é praticamente um protocolo de sequências que apostam apenas em uma nostalgia tola.
Tentativa de renovação
Entretanto, não é só de nostalgia que vive um filme que tenta retornar uma franquia. A própria desculpa para a sua existência é sempre a de introduzir aquele universo a um público novo. Só que nesse sentido “Bill e Ted: Encare a Música” também falha miseravelmente ao tentar inserir novas personagens, que deveriam ser as protagonistas, mas que pouco aparecem no longa e acabam servindo apenas como facilitação do roteiro. E dá pena de ver Samara Weaving e Brigette Lundy-Paine como cópias de seus pais, já que o roteiro as obriga a ficarem restritas a essas caricaturas, além de serem masculinizadas e criar uma mensagem pobre de falta de originalidade das gerações mais novas, como se todo filho fosse uma cópia do seu pai.
Mas, ainda pior do que a abordagem das duas, de Bill e Ted e dos personagens históricos é como são retratadas as esposas dos verdadeiros protagonistas. Se nos antigos elas eram apenas princesas sem personalidade vivendo fora de sua época, em “Bill e Ted: Encare a Música” Joanna e Elizabeth são donas de si e trilham seu próprio caminho… ou pelo menos é isso que o filme acha que está conseguindo fazer.
Na realidade, as duas até apresentam uma boa motivação, pois não aguentam mais serem casadas com dois caras que não se desgrudam e as obrigam a viver em um eterno quarteto. Porém, o pouco tempo de tela, desenvolvimento inexistente e o abandono da motivação inicial no terceiro ato sem qualquer ação que justificasse essa mudança, conseguem transformar uma boa ideia em um resultado ofensivo em tela.
Como trouxe a critica no site do Omelete: A grande mensagem é que devemos nos unir para salvar o mundo. Lembrando que desde 1989 eles já falavam em alto e bom tom: “Be excellent to each other”, que pode ser traduzida livremente como “sejam ótimos uns com os outros”. Nos dias sombrios e individualistas em que vivemos, mais e mais pessoas deveriam prestar atenção nestes dois e colocar em prática seus ensinamentos empáticos. E Party on!
Nota: 3.0
Nota IMDB: 6.2
Assista ao trailer:
Ficha Técnica:
Título original: Bill & Ted: Face The Music
Data de lançamento: Sem estreia nos cinemas brasileiros
Direção: Dean Parisot
Elenco: Keanu Reeves, Alex Winter, Samara Weaving mais
Gêneros: Comédia, Ficção Científica
Nacionalidade: EUA