O mundo está cada vez mais avesso aos padrões de corpos impostos pela sociedade! Abdomens trincados e corpos magros já não são mais unanimidade nas campanhas de roupas, pois entende-se que nem todo mundo é representado por essas estéticas. Isso, no entanto, ainda está muito longe de um ideal e, como podemos ver aqui, as publicidades da Calvin Klein mostram que há muita desconstrução há se fazer. Nesse sentido, é muito interessante quando surgem iniciativas que priorizam a representatividade. Neste caso, não foi bem a empresa que criou uma propaganda que caminhasse no sentido contrário da padronização do corpo masculino, mas Ricardo Sfeir, um engenheiro que resolveu recriar algumas publicidades da Calvin Klein e, a partir disso, conseguiu um efeito bastante positivo de reflexão nas redes sociais.

Hoje em dia, somos bombardeados por publicidades. São inúmeras as empresas que, ao anunciar os seus produtos, buscam cada vez mais formas inovadoras de nos convencer de os comprar. Quando estamos falando de propagandas de roupas, a questão do corpo está diretamente envolvida e suscita várias discussões: afinal, existe um corpo ideal que seja modelo e representa todos os corpos? Porque somente as pessoas de corpo magro e definido são usadas como os representantes] do publico?

Pensando nisso, o engenheiro paulista Ricardo Sfeir resolveu inovar. Aso 27 anos, Sfeir não é dessas pessoas que se encaixam na padronização do corpo masculino imposta pela sociedade. Ao recriar campanhas publicitárias da marca de cueca Calvin Klein, ele mostrou que a representatividade é necessária e precisa ser urgentemente repensada pelas empresas em suas publicidades. Para tanto, ele contou com a ajuda do artista visual Rhoger Chagas.

Em seu perfil no Instagram, onde possui mais de 24 mil seguidores, Ricardo chamou a atenção para a gordofobia e mostrou como essa problemática funciona em anúncios publicitários. Recriar as campanhas mais famosas da Calvin Klein serviu para mostrar que, assim como acontece com o corpo feminino, os homens são vítimas dessa padronização e exclusão no que diz respeito à pluralidade dos corpos, afina, representatividade importa, mas isso não tem sido uma prioridade para várias grandes marcas.

“Quantas propagandas de cueca vocês já viram que estrelavam um homem gordo? Desde criança, as propagandas de cueca já me chamavam atenção. Crescer vendo esse tipo de representação, impregna na cabeça logo cedo que o ideal de corpo masculino é o definido, ligando isso inclusive a imagem de homem másculo, além de criar expectativas irreais e proporcionar dismorfia corporal”

Não incluir os mais variados tipos de corpos nas campanhas publicit[árias e, no mínimo, um erro gigantesco. A incoerência fica maior ainda quando estamos falando de um mundo tão capitalista como o nosso. Já que somos bombardeados pelo consumismo de todos os lados, porque eu não posso me sentir representado quanto ao meu perfil? Porque se insiste tanto em excluir os corpos à regra dos corpos definidos, sarados e magros?

“Pela lógica do capital, a falta de homem gordo é um erro grotesco de marketing, que deixa de trazer à luz, o que é uma parcela gigantesca do mercado em potencial das marcas. Eu quero um mundo onde o normal seja ver corpos variados em todas as propagandas, de tons e tamanhos diferentes” 

Entrevista ao Catraca Livre

[Pergunta] Você acha que sua experiência com gordofobia é o que leva uma ideia sútil ter uma mensagem tão forte de representatividade?

[Resposta] Desde que me libertei de julgamentos de terceiros e próprios quanto ao corpo gordo, percebi que tudo que faço em liberdade acaba transmitindo uma mensagem de representatividade. Somos tão condicionados a ter uma conotação negativa quanto ao peso, sobretudo nos casos de excesso, que quando nos livramos dessas preocupações e fobia, o nosso ato de amor próprio acaba tendo conotação política. Não se condicionar ao status quo, por si só, já é um ato de resistência e quando fazemos isso deliberadamente, damos força e incentivamos para que outros possam ter a coragem de fazer isso também. Estou esperançoso, que esse projeto possa ajudar outras pessoas a se sentirem mais confortáveis na sua própria pele.

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Yeah, you got that yummy, yum ? Edic?a?o ?: @rhoger.chagas My text from yesterday translated to english: How many underwear advertisements have you seen that starred a fat man? Ah, but why is this important? Since I was a child, advertisements for underwear caught my attention. Growing up seeing this model of representation, seeds early on that the ideal of a male body is that of a lean and muscular figure. It also ties to that physique, the concept of masculinity, and creates unrealistic expectations while favouring statistics of teenage bodily dysmorphia. When looking into this problem at a capitalistic POV, the lack of fat male figure within propaganda is a grotesque marketing mistake, which fails to bring to light what is a gigantic portion of the potential market for brands. I want a world where we normalize seeing diverse bodies in all advertisements, englobing all sizes and colors. Representation matters, and I'm here to fight for it. Whit that in mind, I’ve decided toI recreate my favorite campaigns from @calvinklein , but in my own skin. #bodypositive

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Edic?a?o ?: @rhoger.chagas Quantas propagandas de cueca voce?s ja? viram que estrelavam um homem gordo? Ah, mas por que? isso e? importante? Desde crianc?a, as propagandas de cueca ja? me chamavam atenc?a?o. Crescer vendo esse tipo de representac?a?o, impregna na cabec?a logo cedo que o ideal de corpo masculino e? o definido, ligando isso inclusive a imagem de homem ma?sculo, ale?m de criar expectativas irreais e proporcionar dismorfia corporal. Pela lo?gica do capital, a falta de homem gordo e? um erro grotesco de marketing, que deixa de trazer a? luz, o que e? uma parcela gigantesca do mercado em potencial das marcas. Eu quero um mundo onde o normal seja ver corpos variados em todas as propagandas, de tons e tamanhos diferentes. Representatividade importa, e eu estou aqui pra lutar por isso. Pensando nisso, vou recriar as minhas campanhas prediletas da @calvinkleinbrasil, no meu corpa?o livre. Quero homem gordo de cueca!#corpolivre Um super obrigado pela edic?a?o @chagasrhoger ??????

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Hoje eu to homeageando o icônico Djimoun Hounsou, pra campanha da @calvinklein em 2007 ? e queria deixar um quote dele. “Until you are somewhat comfortable and confident and embrace who you are, as a person, you can't possibly love somebody else because you don't like yourself that much.” Reitero que escolhi a Calvin Klein porque respeito a marca; vejo muito trabalho dela em prol do fortalecimento do meio LGBTQIA+ e é preciso reconhecer e apoiar marcas que promovam o desenvolvimentos de todos as minorias. Hoje eu queria que vocês pensassem na marca que vocês gostariam de ver representar uma figura plussize e marcassem aqui nos comentários. Vale também destacar as marcas que hoje já trabalham com esse tipo de corpo, e enaltecer! Vamos, juntos, criar uma corrente de diversidade e positividade! ?? #corpolivre Edição ?: @rhoger.chagas

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Yeah, you got that yummy, yum ? Edic?a?o ?: @rhoger.chagas My text from yesterday translated to english: How many underwear advertisements have you seen that starred a fat man? Ah, but why is this important? Since I was a child, advertisements for underwear caught my attention. Growing up seeing this model of representation, seeds early on that the ideal of a male body is that of a lean and muscular figure. It also ties to that physique, the concept of masculinity, and creates unrealistic expectations while favouring statistics of teenage bodily dysmorphia. When looking into this problem at a capitalistic POV, the lack of fat male figure within propaganda is a grotesque marketing mistake, which fails to bring to light what is a gigantic portion of the potential market for brands. I want a world where we normalize seeing diverse bodies in all advertisements, englobing all sizes and colors. Representation matters, and I'm here to fight for it. Whit that in mind, I’ve decided toI recreate my favorite campaigns from @calvinklein , but in my own skin. #bodypositive

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