Eu não sei se você sabe, mas a Ancine (Agência Nacional do Cinema) é um órgão oficial do Governo Federal que regula e fiscaliza a produção cinematográfica e videofonográfica no Brasil. Mas, você sabia que filmes nacionais apoiados pela Ancine foram premiados em alguns importantes eventos do cinema?
Por mais que isso seja interessante para a produção nacional de longas metragens, uma notícia recente dá conta de que a agência se tornou alvo de ações do presidente Jair Bolsonaro, que busca interromper a produção através da censura.
Segundo o chefe do Executivo, um “filtro cultural” deveria ser colocado na Ancine, caso contrário, ela seria desfeita.
Causando muito apreensão nos cineastas, deve-se ter em mente que uma ação como essa é realmente muito preocupante, uma vez que as produções cinematográficas brasileiras não seriam apoiadas financeiramente da mesma forma.
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Para se ter noção, desde que foi instituída em 2001, a ANCINE tem sido fundamental para a força do cinema nacional. Um dos de seus frutos foi “Bruna Surfistinha”, que, apesar ter sido duramente criticado por Bolsonaro, levou 2 milhões de pessoas aos cinemas, além de ter gerado muitos empregos.
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Fato é que a Ancine é fundamental para a divulgação do cinema nacional. Para que outros prêmios venham, é necessário todo o apoio, pois, somente assim, os filmes desenvolvidos aqui serão mais valorizados e mais bem avaliados pela crítica.
Vamos conferir alguns filmes apoiados pela Ancine e que ganharam prêmios:
Aquarius
Dirigido por Kleber Mendonça Filho, Aquarius foi protagonizado por Sônia Braga e figura como o primeiro filme dessa lista.
Em abril de 2016, Aquarius esteve entre os 21 filmes que concorreriam à Palma de Ouro. Apesar de não ter faturado esse prêmio em específico, o filme foi premiado em muitos outros festivais de cinema no mundo. Além disso, Braga foi indicada à Melhor Atriz também.
Seu enredo gira em torno de Clara (Braga), uma viúva de 65 anos que é a última moradora do edifício que dá título à obra, na orla da praia de Boa Viagem, no Recife. No decorrer do filme, acompanhamos o dia a dia da protagonista, sua relação com seus amigos e familiares, e a investida de uma construtora que pretende comprar o prédio a todo custo, visando erguer um mais moderno no local. Assim, o longa-metragem aborda temas como especulação imobiliária, passagem do tempo e memórias, e discute ideias pré-concebidas sobre a vida e sexualidade de uma mulher na terceira idade.
Bruna Surfistinha
Dirigido por Marcus Baldini, Bruna Surfistinha, estrelado por Deborah Secco, chegou a ser cogitado como representante do Brasil na corrida pelo Oscar em 2012. O filme recebeu alguns prêmios no Prêmio Contigo Cinema e no Grande Prêmio Brasileiro de Cinema.
Raquel (Deborah Secco) era uma jovem da classe média paulistana, que estudava num colégio tradicional da cidade. Um dia ela tomou uma decisão surpreendente: saiu de casa e resolveu virar garota de programa. Com o codinome de Bruna Surfistinha, Raquel viveu diversas experiências “profissionais” e ganhou destaque nacional ao contar suas aventuras sexuais e afetivas num blog, que depois acabou virando um livro e tornou-se um best seller.
Bingo: O Rei das Manhãs
Bingo: O Rei das Manhãs, dirigido por Daniel Rezende, é mais um filme que gostaríamos de destacar nessa lista. Ao todo, ele venceu 13 prêmios, entre os quais está o Grande Prêmio Brasil de Cinema (APCA).
Cinebiografia de Arlindo Barreto, um dos intérpretes do palhaço Bozo no programa matinal homônimo exibido pelo SBT durante a década de 1980. Barreto alcançou a fama graças ao personagem, apesar de jamais ser reconhecido pelas pessoas por sempre estar fantasiado. Esta frustração o levou a se envolver com drogas, chegando a utilizar cocaína e crack nos bastidores do programa.
Cidade de Deus
Cidade de Deus, dirigido por Fernando Meirelles e Kátia Lund, é um dos grandes sucessos do cinema brasileiro. Lançado em 2002, o filme faturou mais de 60 prêmios e chegou a ter 4 indicações para o Oscar. A produção mostra a realidade de uma favela do Rio de Janeiro e aspectos como violência, droga, sexo e arte são bastante frequentes.
Buscapé (Alexandre Rodrigues) é um jovem pobre, negro e muito sensível, que cresce em um universo de muita violência. Buscapé vive na Cidade de Deus, favela carioca conhecida por ser um dos locais mais violentos da cidade. Amedrontado com a possibilidade de se tornar um bandido, Buscapé acaba sendo salvo de seu destino por causa de seu talento como fotógrafo, o qual permite que siga carreira na profissão. É através de seu olhar atrás da câmera que Buscapé analisa o dia-a-dia da favela onde vive, onde a violência aparenta ser infinita.
Que Horas Ela Volta?
Que horas ela volta? é mais um ótimo exemplo de filme que contou com o apoio da Ancine. Dirigido por Anna Muylaert e protagonizado por Regina Casé, o filme fatou 28 prêmios.
A pernambucana Val (Regina Casé) se mudou para São Paulo a fim de dar melhores condições de vida para sua filha Jéssica. Com muito receio, ela deixou a menina no interior de Pernambuco para ser babá de Fabinho, morando integralmente na casa de seus patrões. Treze anos depois, quando o menino (Michel Joelsas) vai prestar vestibular, Jéssica (Camila Márdila) lhe telefona, pedindo ajuda para ir à São Paulo, no intuito de prestar a mesma prova. Os chefes de Val recebem a menina de braços abertos, só que quando ela deixa de seguir certo protocolo, circulando livremente, como não deveria, a situação se complica.
O Palhaço
O Palhaço também recebeu apoio financeiro da Ancine. O filme é dirigido e protagonizado por Selton Mello e, ao todo, ganhou 42 prêmios. No Festival de Paulínia, por exemplo, o filme ganhou bastante reconhecimento.
Benjamim (Selton Mello) trabalha no Circo Esperança junto com seu pai Valdemar (Paulo José). Juntos, eles formam a dupla de palhaços Pangaré & Puro Sangue e fazem a alegria da plateia. Mas a vida anda sem graça para Benjamin, que passa por uma crise existencial e assim, volta e meia, pensa em abandonar Lola (Giselle Mota), a mulher que cospe fogo, os irmãos Lorotta (Álamo Facó e Hossen Minussi), Dona Zaira (Teuda Bara) e o resto dos amigos da trupe. Seu pai e amigos lamentam o que está acontecendo com o companheiro, mas entendem que ele precisa encontrar seu caminho por conta própria.
O Ano em que meus pais saíram de férias
Este é um daqueles filmes que retratam o cenário da Ditadura Militar. O ano em que meus pais saíram de férias teve, no total, 28 prêmios.
1970. Mauro (Michel Joelsas) é um garoto mineiro de 12 anos, que adora futebol e jogo de botão. Um dia, sua vida muda completamente, já que seus pais saem de férias de forma inesperada e sem motivo aparente para ele. Na verdade, os pais de Mauro foram obrigados a fugir da perseguição política, tendo que deixá-lo com o avô paterno (Paulo Autran). Porém o avô enfrenta problemas, o que faz com que Mauro tena quhe ficar com Shlomo (Germano Haiut), um velho judeu solitário que é vizinho do avô de Mauro.
Tropa de Elite
Quem não conhece o filme Tropa de Elite? O filme que faturou 38 prêmios, entre os quais o Urso de Ouro em Berlim, é uma das grandes produções do cinema nacional dos últimos anos e figura nessa lista como mais um filme que contou com o apoio da Ancine.
1997. O dia-a-dia do grupo de policiais e de um capitão do BOPE (Wagner Moura), que quer deixar a corporação e tenta encontrar um substituto para seu posto. Paralelamente dois amigos de infância se tornam policiais e se destacam pela honestidade e honra ao realizar suas funções, se indignando com a corrupção existente no batalhão em que atuam.
Linha de Passe
Linha de Passe é um filme brasileiro criado sob a direção de Walter Salles e Daniela Thomas. Ele faturou um total de 22 prêmios e aparece como um dos filmes brasileiros apoiados pela Ancine.
São Paulo. Reginaldo (Kaique de Jesus Santos) é um jovem que procura seu pai obsessivamente. Dario (Vinícius de Oliveira) sonha em se tornar jogador de futebol mas, aos 18 anos, vê a idéia cada vez mais distante. Dinho (José Geraldo Rodrigues) dedica-se à religião. Dênis (João Baldasserini) enfrenta dificuldades em se manter, sendo também pai involuntário de um menino. Os quatro são irmãos, tendo sido criados por Cleuza (Sandra Corveloni), sua mãe, que trabalha como empregada doméstica e está mais uma vez grávida, de pai desconhecido. Eles precisam lidar com as transformações religiosas pelas quais o Brasil passa, assim como a inserção no meio do futebol e a ausência de uma figura paterna.
Qual a sua opinião a respeito do apoio da Ancine aos filmes nacionais?
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